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Bye, Brasília

José Seabra, a sucursal, Dona Irene e as azaleias

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Irene Araújo

Poucos dias antes do José Seabra, fundador do Notibras, passar a se dedicar à Sucursal Regional Nordeste, tive o privilégio de passar horas impagáveis com esse jornalista e grande escritor numa cafeteria bem no início da Asa Norte, em Brasília. O momento era tão especial, que fiz questão da presença da minha esposa, a famosa Dona Irene, e da nossa filha, a Malulinha.

Assim que o meu amigo nos viu, ele presenteou a minha mulher com um lindo vaso de azaleias. A Dona Irene sorriu aquele sorriso mais lindo do mundo e, então, todos nos sentamos à mesa. Quer dizer, menos a Malulinha, que continuou aprontando todas no meu colo.

Pedimos aquele café gourmet e algumas empadinhas de camarão, enquanto ouvíamos o Seabra fazer um resumo da sua longa carreira jornalística, de 54 anos. Ele, que é autor do excelente romance “A fonte”, nos disse que estava adorando escrever contos e crônicas para Notibras, mas que estava se sentindo menino novamente com o desafio de dirigir a nova sucursal.

– Edu, vem comigo!

– Não dá, Chefe, mas bem que queria. Nada como morar no Nordeste!

Dona Irene, com lágrimas nos olhos, piauiense que é, me abraçou saudosa da terra natal. Seja como for, prometemos uma visita ao Seabra assim que pudermos, ainda mais porque ele nos prometeu hospedagem à beira da praia.

O papo estava excelente, mas o grande jornalista precisava ainda acertar alguns detalhes com o Wenceslau Araújo e o Armando Cardoso, que vão segurar as pontas em Brasília. A despedida foi com aquele abraço bem apertado, com a certeza de que logo nos veríamos. O Seabra entrou no seu automóvel prateado e sumiu pelas ruas da capital.

Dona Irene, Malulinha e eu retornamos para o nosso apartamento, onde comentamos, maravilhados, sobre meu companheiro deveras carismático. Que figura!!! Que simpatia!!! Predicativos não faltaram.

Após alguns dias, quando o Chefe já estava dirigindo a nova sucursal, eis que chego ao lar, doce lar quando já era perto das 21h. Peguei um pouco de água do filtro para molhar as azaleias que ele presenteou a minha mulher. Cadê? Não acho!!!

– Amorzinho, onde você colocou a planta que o Chefe te deu?

– Ih, Edu! Esqueci na mesa da cafeteria.

Desci que nem preá que foge de raposa e, por sorte, a cafeteria, que fica bem perto, ainda estava aberta. Entrei e, envergonhado, conversei com uma das atendentes.

– No início da semana estive aqui com a minha esposa e um amigo. Acabei deixando um vaso de flores naquela mesa ali fora.

A mulher começou a rir, enquanto notei o vaso de azaleias entre dois outros vasos sobre o balcão. Apontei para ele.

– É esse, né?
– Sim – a mulher riu.

– Posso pegá-lo?

– Claro que pode! Ele é seu – a atendente não parava de rir da situação.

Peguei o vaso com as azaleias e voltei para o nosso apartamento. Assim que entrei, contei como havia sido o resgate do presente do Seabra. Minha mulher soltou uma gostosa gargalhada, que ainda soa nos meus ouvidos.

Mas a história não termina por aí. É que no domingo, 3, recebi uma ligação do Seabra, que praticamente me enquadrou com uma pergunta.

– Edu, que tal passar a escrever contos e crônicas sobre o Nordeste?

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