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Tudo errado

Má fé política empurra o Brasil do faz de conta

Publicado

Autor/Imagem:
Sérgio Mansilha

Bem-vindo ao País do faz de conta, onde o alto é baixo e a noite é o dia, onde as contradições jorram da mesma boca, poucas semanas depois. Esse tem sido o nosso mundo de mídia nas últimas décadas, e especialmente nos últimos anos, mas algo mudou discretamente em 2020.

Como a ocorrência simultânea de dois desastres naturais, as notícias falsas e a Ccovid-19 estavam fadados a colidir em algum momento, mas seu confronto não foi uma batalha de iguais. Apesar das distorções e encobrimentos sobre o vírus, a Mãe Natureza prevaleceu, muitas vezes de forma brutal.

Estamos chegando a um ponto de viragem na história das notícias falsas? Provavelmente não, mas talvez tenhamos um breve descanso.

Pessoal, a desinformação, a distorção deliberada dos fatos, sempre existiu, mas nesta era de mídia social, publicidade instantânea e falsidade partidária, ela se espalha exponencialmente.

A amplificação e a viralidade transformaram nossa mídia de massa em instituições muito diferentes de apenas uma geração atrás. Não é que os guardiões da mídia tenham partido; é que seu poder foi descentralizado à medida que seus números aumentaram. O que resta, no entanto, não é tanto a anarquia quanto o disfarce. O que você vê não é necessariamente o que você obtém.

No mundo veio a Covid*-19, embora alguns dos fornecedores usuais de falsidade tenham aproveitado o fenômeno para espalhar conspirações, a pandemia também os confrontou com uma força letal e abrangente que desafia implacavelmente as mentiras. Em suma, é difícil permanecer um negador de vírus por muito tempo, como até o nosso Presidente já está descobrindo.

O “Paciente Zero” o nosso Presidente Jair Bolsonaro, passou de zombar do vírus para minimizá-lo, passando por desprezá-lo, ao mesmo tempo num flerte negativista sobre ele, o que pode ocasionar uma possível perda de reeleição em 2022.

Ele ocupou mais posições nele (vírus) do que qualquer pessoa e fez mais poses do que um adolescente na noite do baile. Mas, enquanto o presidente nunca parou de criticar todos os relatórios científicos como uma “caça às bruxas”, ele aparentemente aceitou a autenticidade desta crise.

É claro que isso não significa que ele tenha liderado com eficácia, ou que tenha liderado, pois eu particularmente não vi nenhuma liderança dele nessa crise (Notibras25/07/2020 – Brasil precisa de liderança para vencer pandemia). Nem significa que ele ainda não está minimizando ou minando uma resposta efetiva a ele. Isso sugere que os chamados “adultos na sala” pessoas como os assessores militares, não conseguiram realizar, mas o COVID-19 está conseguindo.

De certa forma, diminuiu a compulsão de nosso Presidente por uma habilidade incessante de negação ao vírus e frustrou sua tentativa de promover uma realidade alternativa.

O presidente ainda se esforça diariamente para promover uma narrativa nacional competitiva. Mas o contágio não está cedendo à sua vontade; ele está sendo forçado a se curvar. Na verdade, é um dos motivos pelos quais a maioria dos brasileiros, um número em torno milhões de eleitores, decida demiti-lo nas próximas eleições.

Você viu esse derrotismo em suas esporádicas coletivas a imprensa ao longo do ano, em que ele foi intimidado pelo momento e intimidado pela ciência de tudo.

Enquanto o mercado luta para se recuperar, o governo federal surge como a única força capaz de montar uma recuperação, e que até agora nada foi apresentado efetivamente, principalmente na área econômica.

Pessoal, a agenda do Brasil foi confiscada, durante a maior parte deste ano, não prestamos atenção a esportes, entretenimento ou mesmo ao mercado de ações. Temos estado muito focados na imunologia.

Isso porque, em tempos de grande pressão, os cidadãos anseiam mais por informações do que por ideologia. Isso acontece durante a guerra, e parece ser o caso agora. Quando se trata de vida ou morte, os fatos de sobrevivência eventualmente ultrapassam o giro da política.

Lembro-me de ter visto um vídeo, no qual, um ex-chefe de Estado disse, “as pandemias têm uma maneira de cortar muito barulho e girar para nos lembrar o que é real e o que é importante”.

Quanto às mentiras e enganos, elas não foram embora. Mas sua influência no momento parece abafada e mansa. Provavelmente não vai durar.

Enfim, é um motivo para sentir alívio e talvez um pouco de esperança.

Pense nisso.

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