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'Asilo' de Bolsonaro

Macho alfa de verdade não foge; ele mata a cobra e mostra o pau

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto Divulgação/Embaixada da Hungria

Se alguém acha bonito ser feio ou pobre, muito pior é ser covarde. Acostumados com os rompantes de leão indomado do ex-presidente Jair Bolsonaro, os machões brasileiros que se fecham no armário com medo de ventos fortes devem estar decepcionados com o mito devorador de democratas. Convertidos a “patriotas” acima de qualquer suspeita e batizados na tina benzida com água benta pelo bispo Silas Malafaia, a turma do mantra Lula ladrão está reunida desde que o líder supremo foi flagrado em duas manobras de fuga. Descoberta pelo jornal norte-americano New York Times, a mais cabeluda foi uma recente e clara tentativa de fugir do careca Alexandre de Moraes, o homem que não sai da cola do Bozo.

Sou adepto da filosofia dos frequentadores assíduos de botequim, para os quais machos imbrocháveis, do tipo Turma do Gambá, não fogem da raia, principalmente se o prenome for Cláudia. Pelo contrário. Como diz um amigo com mestrado e doutorado no latim meio grego, os fichados nesse segmento são óbvios quando questionados: Assassinatus ofidium mostratis penis, isto é, matam a cobra e mostram o pau. Diz o chefe dos cafajestes do bem que, às vezes, nem precisa mostrar a cobra. Para os duvidosos, a sugestão é focar em si, estudar, aprender e, se possível, evoluir sem ser notado.

O ex-presidente faz exatamente o contrário. Como ele acha que tem mais borogodó do que os que realmente têm borogodó, esquece que os homens são como os vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons. Não estou aqui para avaliar condutas, mas sim para discorrer a respeito de quem se diz macho alfa, mas se esconde ao primeiro sinal de perigo. São aqueles que não honram o trecho do Hino Nacional que diz que “um filho teu não foge à luta”. Conforme o New York Times, em fevereiro, mais precisamente entre os dias 12 e 14, Jair se refugiou de mala e cuia na Embaixada da Hungria, país governado pelo “irmão” extremista Viktor Orbán. Para os “patriotas”, a ideia era “manter contato com autoridades húngaras”.

Faço um breve silêncio para lembrar gritando aos mancebos das mentiradas que, àquela altura, o presidente golpista sequer dispunha de passaporte. Dias antes, por determinação de Xandão, o documento havia sido confiscado pela Polícia Federal na sede do Partidos das Lamentações (PL). Para refrescar a memória dos milhões de desmemoriados por conveniência, as credenciais do Jair foram retidas na operação que investiga os ataques do governo bolsonarista à democracia. Portanto, caras pálidas, qual a razão para um cidadão sem lenço e sem documento manter contatos com os camaradas húngaros?

Seriam os de terceiro grau? Talvez para degustar um bom pacu assado, seguido de adocicados tiramisùs e pizza de queijo coalho com rapadura. Aí eu dou valor. É de bom alvitre mostrar para parceiros de um país extremista, mas ex-comunista, a produção de trabalhadores democratas tachados de comunistas, mas que jamais pensaram em ser comunistas. Na verdade, nem sabem o que significa ser comunista. Voltando à normalidade dos fatos, quero registrar mais um fiasco do bolsonarismo. Pelo menos, esse ele assumiu. Assumiu porque o próprio embaixador deu com a língua nos dentes.

Meu caro Watson, essa da Hungria não cola, como não colou a “viagem” para Miami, dias antes do fracassado golpe de 8 de janeiro de 2023. A reunião em que ele produziu quilos de provas contra seu grupo não deixou dúvidas da verdadeira intenção do mito de argila. É claro que a finalidade era, sob os auspícios do papi Donald Trump, se escafeder, se encafuar, se homiziar nos EUA, deixando, como deixou, as bestas fantasiadas de verde e amarelo à mercê de Xandão. Os que preferiram não crer na lei estão recolhidos a um longo castigo. Presos, eles deverão ser instados à tese bíblica de que a vida é feita de escolhas. Às vezes, tenho dúvidas sobre a brasilidade de Deus. No entanto, tenho certeza de que Ele não é yanke, muito menos húngaro. Se cuida, Latorraca.

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