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Na telona

Macho italiano está com os dias contados?

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Autor/Imagem:
Luiz Carlos Merten

Luciano Ligabue é um grande nome da canção italiana. Roqueiro, já havia passado dos 30 quando virou ídolo de uma faixa mais jovem de público. É autor de hits como Balliamo Sul Mondo, Ho Perso le Parole e, o mais famoso de todos, Certe Notti (Certas Noites), escolhida num concurso popular como a canção italiana da década de 1990. Entre álbuns e shows – sua turnê deste ano está praticamente esgotada, e começa em junho –, Ligabue encontra tempo para escrever e dirigir filmes. Imagine – é como se Roberto Carlos também fosse cineasta.

É dele Made in Italy, que estreou nesta quinta, 28, nos cinemas brasileiros. O filme presta-se à polêmica. Ligabue dá voz ao macho alfa. Stefano Accorsi é o protagonista. Riko é seu nome. É operário, insatisfeito com o trabalho e o mundo ao redor. Possui os amigos – ‘cari amici miiei’, como no clássico escrito por Pietro Germi e dirigido por Mario Monicelli -, a mulher e a amante. Com essa última, a relação é puramente sexual. Um bom sexo oral para relaxar das tensões.

Mas Riko, tão (auto)centrado nas suas frustrações, negligencia a mulher. Ela termina por traí-lo. Do ponto de vista da sociedade patriarcal, em que direitos e deveres são desiguais, ela não poderia ter feito isso. Trair é um privilégio masculino. Para agravar, o ‘crime’, o adultério, foi com um amigo. O mundo de Riko rui, mas a história tem desdobramentos inesperados – e trágicos. A morte ronda essas pequenas vidas insatisfeitas.

Made in Italy recebeu o Nastro d’Argento de melhor história. Não é filme que vá agradar às feministas. Plateias masculinas poderão ser mais indulgentes com o personagem de Accorsi – e que ele interpreta muito bem, como sempre. Indulgente, por sinal, não é a palavra. Em momento algum, o filme passa o sentimento de que Riko está certo.

Ele é produto de um meio cultural e uma tradição histórica. Talvez devesse mudar, mas aí não é só no comportamento afetivo e sexual. Seria toda uma atitude, e nem todos conseguem ser o homem novo. Quando tudo desaba, resta o filho. É na relação de Riko com o filho que o filme, e o (anti)herói, tentarão reerguer-se.

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