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FW de Fábio Wajngarten

Maior inimigo de Bolsonaro não é PT, mas o seu CEP

Publicado

Autor/Imagem:
Ka Ferriche

Nunca antes na história deste País, um secretário de Comunicação da Presidência da República foi tão transparente em sua conduta. Deixou suas intenções abertas para quem quisesse ver. E todo mundo viu. Dotado de mil habilidades – segundo seus protetores, que supostamente são os filhos do presidente Bolsonaro – ele foi reconhecido por controlar a verba de comunicação, escolher os veículos, autorizar a veiculação de campanhas, pagá-las e receber (ele e a mãe) dos mesmos veículos e agências, uma parte dos recursos autorizados. Simples assim. Um triplo twist carpado.

FW, pessoa física registrada como Fábio Wajngarten, ele também é registrado como pessoa jurídica, uma empresa de comunicação e marketing sem qualquer reconhecimento visível no mercado. Discretamente atuante entre conhecidos nomes, como as agências Artplan, Nova/SB e Propeg, além de veículos como Record e Band.

Uma reunião marcada na quarta-feira 15 pela Presidência da República para tratar do assunto foi interpretada como mais um mimo do presidente aos seus meninos mimados. Sua atitude imediata deveria ter sido a demissão sumária de FW, que rompeu todas as fronteiras da retidão de quem ocupa um cargo dessa importância. É muito grave. Reunião para quê? Surge, na sequência, a informação de que FW nomeou um lobo, irmão de seu adjunto, para cuidar do galinheiro. Mais grave ainda.

Além de conduzir de forma equivocada a comunicação da Presidência, com erros técnicos primários e desastrosos resultados obtidos, o impronunciável Wajngarten criou mais um problema para Bolsonaro. Institucional e familiar. Os dois preocupantes. O primeiro desmoraliza o presidente. O segundo confirma o embate entre Carlos Bolsonaro e o ex-ministro Gustavo Bebianno, que seria o responsável pela Secom, demitido talvez para dar lugar a FW.

Quando entrou na disputa para a presidência, Bolsonaro deveria ter em mente que sairia de uma família de 5 filhos para assumir outra de 200 milhões. Se não o fez, agora é tarde. A liturgia do cargo não permite que assuntos pessoais estejam acima dos interesses nacionais. Não é possível educar filhos nesse período nem tampouco permitir a interferência de familiares na difícil missão de reorganizar o país. Já chega.

Ninguém aguenta mais esse tipo de comportamento parcimonioso do presidente, que permite comentários na imprensa de que o Brasil é governado por um menino rebelde que toma remédio controlado. Que emburra, quando o pai não entrega o brinquedo que ele quer. Que quebra o protocolo e tira o vice-presidente do Rolls Royce no desfile de posse. Que persegue os generais que dão apoio exclusivo ao capitão.

Nada disso contribui para os grandes projetos nacionais e a reconhecida equipe de ministros que está realizando até o momento um trabalho histórico de recuperação econômica e social. É necessário tomar uma decisão. Ou cuida da família como deve ser ou cuida do Brasil.

Problemas domésticos e desnecessários, como FW, ofuscam os bons resultados obtidos em apenas um ano. Wajngarten não tem dimensão, experiência nem conhecimento técnico para ocupar o cargo. Talvez não tenha também alinhamento ético com o discurso do presidente. FW conseguiu ser muito mais nocivo do que Bebianno, Santos Cruz e outros colaboradores, que certamente não produziriam manchetes próprias de quem quer os ovos mas carrega a galinha debaixo do braço. Uma vergonha. Mais um tarja preta azucrinando Sua Excelência.

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