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Isso é crime!

Mais um dos milhares de casos isolados de racismo e xenofobia em Florianópolis

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@donairene13 - Foto de Internet

No último dia 15 de novembro, assisti com indignação às cenas que circularam nas redes sociais sobre o jogo entre Avaí e Remo, na Ressacada, em Florianópolis. Uma torcedora e ex-conselheira do próprio Avaí foi flagrada cometendo atos explícitos de racismo e xenofobia contra jogadores do time de Belém. Nos vídeos, ela vocifera: “Olha a tua cor. Vão embora de jegue. O que tem no Pará? Seu feio. Gastou o salário para vir, vai ter que voltar a pé. Vão embora porque o prefeito não quer pobre aqui. Oh, pobre aqui não fica.”

Só parou quando um torcedor de camiseta amarela teve a coragem mínima de interpelá-la.

É revoltante. E é cansativo. Porque, enquanto eu via aquelas cenas, era impossível não conectar esse episódio à ação igualmente ilegal e imoral promovida pelo prefeito Topázio Neto, que instalou um posto na rodoviária para vigiar e impedir a entrada de pessoas vindas de outras cidades, como se pudesse determinar quem “serve” ou não para circular por Florianópolis. Uma medida que fere a Constituição e, ao mesmo tempo, legitima uma cultura de exclusão.

Essas duas cenas, a da arquibancada e a da rodoviária, pertencem ao mesmo enredo. Um enredo em que pessoas se sentem à vontade para humilhar, inferiorizar e expulsar o outro, amparadas pelo poder que vê com simpatia esse tipo de vigilância seletiva. O ódio não nasce sozinho. Ele reverbera. Ele ecoa quando autoridades normalizam abusos. Ele se fortalece quando medidas xenofóbicas são tratadas como “gestão pública”.

Eu espero que a torcedora seja exemplarmente punida. Que responda por racismo, xenofobia e pela humilhação que impôs. Mas também espero que a sociedade perceba que não há “casos isolados” quando a política institucional se contamina desse mesmo discurso. Racismo e xenofobia não brotam do nada: eles se alimentam de exemplos, de sinais, de permissões.

E, enquanto a gente não enfrentar isso com seriedade, continuaremos vendo o ódio se multiplicar nos estádios, nas ruas, nas decisões administrativas e, infelizmente, até nas instituições que deveriam proteger direitos, não violá-los.

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