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Paciência tem limite

Manu deixa Odorico com ‘gata’ e vai curtir praia

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Reprodução

O traço mais marcante de Emanuela, a Manu, era a sua paciência com Odorico, um traste de marido. Se ele deixasse derramar a cerveja no tapete, lá ia a mulher passar pano. Ela, aliás, passava pano para todas as sujeiras do Odorico, até mesmo quando ele se envolveu com a Lucinha, a beldade de 18 anos da 709 Norte. Coisas de homem, ela dizia, como se aquilo fosse algo da natureza e, por isso, era mais forte que a razão do esposo. Odorico, no final das contas, era vítima do pobre destino da masculinidade.

Aos 38, Manu passara a vida aos pés do pai, do irmão e, há quase duas décadas, do marido. Ela havia sido muito bem ensinada pela mãe, que também o fora pela avó, que ainda carregava os ensinamentos da bisavó. Vida de mulher é assim mesmo e, dessa forma, Manu seguia a sua sina.

Carregada de dores, tão comuns nas costas, nas pernas, nos pés, nos braços, a mulher sonhava com a hora da novela. Sim, pois esse era justamente o momento em que tirava tanto peso sobre os ombros e podia, então, se esparramar no sofá da sala sem mais nada para fazer até a manhã seguinte, quando o martírio recomeçaria.

É verdade que, vez ou outra, Odorico, preguiçoso como ele só, afundado naquela poltrona ao lado, esticava o braço. Manu sabia que era o sinal do desejo de mais uma latinha de cerveja. Ela se levantava, ia até a cozinha, abria a geladeira e retornava com a geladinha para satisfazer o desejo do senhor seu marido. Mas o que era isso perto de varrer, lavar, esfregar, passar, cozinhar? Brigar por ninharia era bobagem!

Certa feita, Odorico quis porque quis fazer uma feijoada em casa. Convidou a vizinhança inteira. Pois é, inteira! Até a Lucinha, aquela beldade de 18 anos, agora com quase 19, compareceu. Foi um festival de pratos, talheres, copos! Tudo devidamente jogado pelos cantos da casa.

Manu, do alto de tamanha paciência, foi catando cada item e deixando sobre a pia da cozinha, que, àquela altura, estava abarrotada. Já ia começar a lavar, quando ouviu o chamado do Odorico. Ele queria mais uma cerveja estupidamente gelada. A mulher abriu a geladeira, pegou a tal latinha e foi em direção à sala, onde encontrou o marido de gracinha com a Lucinha.

A mocinha estava sentada no colo do Odorico. Manu, esposa mais que dedicada, deixou a latinha sobre a mesinha ao lado. Até o homem percebeu que havia passado dos limites. Tentou remendar, mas foi prontamente repelido pela mulher, que disse: “Fui ali. O dever chama aos berros!”

Manu foi e, até onde se sabe, nunca mais voltou. Dizem que anda pelas bandas de Conde, município da Paraíba. Livre de tantas obrigações, parece que virou frequentadora assídua da praia de Tambaba, onde costuma desfilar toda sua nudez sem qualquer pudor. Ah, e a única geladinha que ela põe na mão é aquela que leva aos próprios lábios, enquanto as ondas da praia lhe lambem os pés. Aliás, pés descalços!

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