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Olho na Selic

Mercado financeiro já trabalha com volta dos juros altos

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Autor/Imagem:
Thaís Barcellos

A pressão do cenário externo e as incertezas com a eleição levaram os analistas a rever suas expectativas em relação à Selic, a taxa básica de juros da economia. Uma pesquisa com profissionais do mercado financeiro mostra que cinco deles, de um total de 49, preveem que a taxa vai chegar ao fim do ano acima dos atuais 6,50%. No levantamento anterior, feito em maio, após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nenhuma instituição previa alta dos juros neste ano.

Mesmo entre os economistas que acreditam em manutenção da Selic em 2018, alguns admitem que o cenário ficou mais arriscado com o novo nível do câmbio – que na quinta-feira, 14, fechou em R$ 3,80, apesar das intervenções do Banco Central – e a forte volatilidade dos mercados, que passa também pelo aumento dos riscos fiscal e eleitoral no Brasil.

Nos contratos de juros futuros, desde a semana passada, a aposta é de que o ciclo de aperto monetário começa já na próxima reunião do Copom, nos dias 19 e 20 deste mês. Na quinta à tarde, 60% dos contratos embutiam a possibilidade de o BC elevar a Selic para 7% ao ano na semana que vem e outros 40% apostavam em 6,75% ao ano.

Entre os analistas, no entanto, embora haja divergências sobre como estará a taxa de juros em dezembro, existe um consenso de que ela será mantida na próxima reunião. “Esperamos que o Copom mantenha a Selic em 6,50% na reunião da próxima semana e indique que, talvez, enxergue algum risco de convergência da inflação para a meta em 2019”, diz o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, que ainda espera que o juro termine o ano no mesmo patamar.

Sobre a diferença de cenários do mercado futuro de juros e dos analistas, o economista Luiz Castelli, da GO Associados diz que a falha da comunicação do BC pode ter contribuído com esse comportamento do mercado. Segundo ele, na reunião do Copom do mês passado, a taxa ficou inalterada, quando, para a maioria do mercado, a instituição havia sinalizado queda para 6,25%. “Isso gera mais ruído e amplia o leque de opções.”

Para a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, nem mesmo a indicação de quarta-feira, 13, de que o banco central americano (Fed) vai elevar os juros quatro vezes este ano muda a percepção de que a Selic será mantida – apesar de a sinalização aumentar a pressão sobre o câmbio. Segundo ela, a sinalização do Fed não foi “nenhuma surpresa” dado o desempenho da economia norte-americana.

“Mas é inegável que aumentaram os riscos de aperto do juros este ano por causa do novo nível do dólar e da incerteza sobre as perspectivas fiscais. Tudo isso tem impacto direto da inflação”, admite o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Alguns analistas enfatizam que a comunicação dada até o momento pelo Banco Central é de que a política monetária não será atrelada ao câmbio.

Levantamento – Na pesquisa entre as cinco instituições que preveem antecipação do processo de aperto monetário para este ano, apenas uma acredita que isso ocorrerá antes das eleições. As previsões vão de 6,50% a 8,50%. No levantamento anterior, feito após o Copom de maio, 33 previam elevação em algum momento de 2019 e duas instituições acreditavam que o juro permaneceria no nível atual de 6,50% até o fim do ano que vem.

Ao jornal O Estado de S. Paulo e ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), no último dia 11, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que a decisão será tomada “no dia da reunião, olhando todas as condições”. Ele disse que vai seguir monitorando a inflação, as expectativas para os índices de preços e o balanço de riscos para decidir sobre a Selic. O último comunicado da decisão diz que “para as próximas reuniões, o Comitê vê como adequada a manutenção da taxa de juros no patamar corrente”.

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