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Visão de especialistas

Moro rasgou lei ao negar dados a Jair Bolsonaro

Publicado

Autor/Imagem:
Ka Ferriche

A quase unanimidade dos especialistas, muitos deles policiais federais experientes, são categóricos ao afirmar que o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, ignorou uma de suas mais importantes funções, que era abastecer o presidente da República com relatórios de segurança. O Sistema Brasileiro de Inteligência (Lei 9.883 de 99) regulamentado pelo Decreto 4.376 de 2002, dispõe sobre o Conselho Consultivo de Inteligência, que tem a obrigação de encaminhar ao Gabinete de Segurança Institucional – GSI, relatórios que auxiliem o poder Executivo a tomar importantes decisões.

Em todo o mundo, os dirigentes dos países são diariamente informados por suas inteligências. Moro julgou que não era necessário, confundiu suas atribuições e as diretrizes previstas em Lei, acusando Bolsonaro de querer bisbilhotar a vida alheia. Grave insinuação. Foi incompetente e de forma intencional, negou ao general Heleno, ministro do GSI, aquilo que era sua missão cumprir. Confundiu os relatórios obrigatórios com investigações que correm em segredo de justiça. Coisas totalmente diferentes.

Causa estranheza também o completo desinteresse em investigar o caso Adélio, quando corre nas redes sociais diversas hipóteses, inclusive, dizem, depoimentos não lavrados, que colocam em suspeição a debandada repentina de Jean Wyllys – cuja relevância foi ganhar o BBB 5 com as mãos nas cadeiras – que fugiu do país, quando cumpria um mandato de deputado federal. E até mesmo quem teria pago os advogados do doidinho – outro fato curioso – e criminoso Adélio. Uma investigação mais elaborada poderá responder essas perguntas básicas facilmente.

Está ficando cada dia mais claro o estilo Bolsonaro de ser. Suas pataquadas, tão valorizadas pela mídia dominante, não têm conseqüências a não ser para ele mesmo. Na prática, suas decisões, como a troca de ministros, têm revelado um presidente com muita, muita paciência. Nas duas últimas, nas demissões de Mandetta e de Moro, ficou claro que existiam, de fato, dois elementos infiltrados, trabalhando contra o governo acintosamente, aos quais ele deu a oportunidade de mudar de lado. Um otimista.

Os dois ministros-estrelas não abandonaram seus projetos individuais, garantidos por correntes que querem destruir o Planalto, com promessas que receberam e que certamente não serão cumpridas. Trocaram, ambos, a palavra de um homem com muitos defeitos, mas sem a competência de mentir em coletivas premeditadas, por uma ferida em suas biografias de difícil cicatrização. Só a contabilidade da história futura poderá revelar o tamanho do estrago.

Mais um ministro do STF, Celso de Melo, alvissareiramente acolhe denúncia contra o presidente, quando a atitude de um poder tão importante, deveria ser exatamente oposta e mandar investigar Sergio Moro, defendendo um dos tripés da República. Virou zona. Qual a razão de aceitar uma denúncia contrária às funções republicanas? Qual o peso? Ambos afirmaram que ambos mentiram. O presidente não tem fé pública, mas um ministro, que causou tanto embaraço ao próprio STF, é acolhido por togados que abriram as portas da cadeia para um criminoso por ele condenado? Saudades de Charles de Gaulle. Esse é o Brasil.

A saída de Moro estremeceu 57 milhões de brasileiros. Refeitos, não vão aceitar nada que não seja aquilo que o boquirroto Bolsonaro também quer. Seus inimigos devem observar o termômetro Covid-19. A justificativa para retomar a roubalheira não vingou. A TV platinada não tem nada para documentar, então suas câmeras estão filmando caixões na Amazônia e no Ceará, enquanto em Brasília, onde os índices percentuais de infectados eram proporcionalmente os maiores do país, já ultrapassou a primeira curva – sem ter certeza que haverá uma segunda – e está preparada.

O fotogênico governador do Distrito Federal, habilmente, percebeu que Bolsonaro tem razão. Claro que suas aparições midiáticas – as do presidente – e atrapalhadas, não ajudam em nada. É o jeitão Bolsonaro de ser. Mas Ibaneis Rocha, que não quer acompanhar a turma do caos para torrar milhões em descartáveis não auditáveis, financiar campanhas políticas com essa montanha de dinheiro emergencial, foi digno e politicamente habilidoso e já está seguindo a Coreia e a Nova Zelândia.

Brasília faz testes em massa neste momento para diagnosticar o mapa da pandemia. O coronavírus perde de longe para a dengue aqui no quadradinho. Ele está liberando setores da economia, antes que a morte venha por inanição. Observem, estamos falando de um território que recebe um grande aporte de fundo constitucional, não depende de impostos para pagar contas de saúde, segurança e educação. O que pretendem Dória lencinho no pescoço e Witzel sniper, que dependem de impostos? Causar, lacrar, claro, além de torrar a grana autorizada pelo Congresso que ninguém vai saber onde foi consumida.

Bolsonaro tem que impor quarentena para os seus zeros todos, inclusive aquele que come metade do condomínio, não mais anunciar publicamente a fritura de seus ministros. Chame um por um no reservado, para cumprir a liturgia, informe a demissão sem que ninguém tome conhecimento, enquanto o Diário Oficial aguarda o fim da audiência com o demitido para autorizar a tecla enter. Fale menos, presidente, a caneta azul é sua.

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