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A Covid levou

Morre Tarcísio Meira, ícone dos palcos, telinha e telona

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Autor/Imagem:
Carolina Paiva, Edição, com Agências

A Covid matou mais uma ilustre figura da teledramaturgia brasileira: Tarcísio Meira morreu nesta quarta-feira, 12, aos 85 anos, após passar cinco dias internado para tratar do novo coronavirus. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. A atriz Glória Menezes, esposa dele, também está internada por complicações da doença, mas seu quadro é mais leve.

Tarcísio Meira foi um dos maiores atores brasileiros, um ícone da teledramaturgia. Em 1961, no começo de sua carreira, então com 26 anos, ele recebeu seu primeiro prêmio. Foi o ator revelação pela novela Maria Antonieta. Tarcisio venceria outras vezes o troféu Imprensa ao longo de sua carreira. Foi premiado pela APCA (em 1976 e 2001), em 2005 Glória Menezes e ele receberam o Troféu Oscarito no Festival de Gramado e mais recentemente, em 2016, ganhou todos os prêmios importantes de teatro, incluindo o Shell, por sua interpretação em O Camareiro.

Aos olhos do público, ele é fundamentalmente um ator de televisão, e a lista de especiais e novelas é imensa – ocuparia o espaço desse texto. Mas Tarcisio fez também teatro e cinema. Foi o jovem Dom Pedro de Independência ou Morte, de Carlos Coimbra, e o Cristo militar de Glauber Rocha, em A Idade da Terra. Foi Quelé do Pageú no nordeste de Anselmo Duarte e foi Marcelo, o personagem emblemático de Walter Hugo Khouri em Eu.

Grande Tarcisio. Nasceu em 5 de outubro de 1935, em São Paulo. Por parte de pai, há informações de que descendia da aristocracia sul-mineira e investigações genealógicas chegaram até o mítico Mártir da Independência, Tiradentes. Por parte de mãe, descendia de não menos notáveis troncos paulistas, os Arruda Botelho, os Paes Lemes, os Cerqueira César.

Sua estreia no teatro foi em 1957, com a peça A Hora Marcada. Na televisão, apareceu pela primeira vez num teleteatro – Noites Brancas, na TV Tupi, quatro anos depois. Também em 1961, contracenou com a também jovem Glória Menezes em outro teleteatro, Uma Pires Camargo. Casaram-se, e viraram um dos casais mais conhecidos da arte da representação no Brasil. Com Glória, protagonizou, em 1963, a primeira novela diária da TV brasileira, 2-5499, Ocupado, na Excelsior. O resto é história. Foram para a Globo, fizeram um muitas novelas, juntos e separados. Fizeram cinema, juntos (A Máscara da Traição, Independência ou Morte) e separados.

Na Globo, estrearam com Sangue e Areia, em 1968. Entre os sucessos dele estão Irmãos Coragem, Cavalo de Aço, O Semideus, Escalada (o primeiro APCA), Saramandaia, Espelho Mágico, Guerra dos Sexos, Roque Santeiro, Senhora do Destino, etc. E os especiais – O Tempo e o Vento, Grande Sertão – Veredas, Hilda Furacão, A Muralha (segundo APCA). No cinema, não lhe faltaram papéis desafiadores, incluindo o policial violento e corrupto – Mateus – de República dos Assassinos, que Miguel Faria Jr. adaptou, em 1979, do livro de Aguinaldo Silva sobre os esquadrões da morte.

Com Khouri, fez também o Dr. Osmar de Amor, Estranho Amor e o filme de 1982 deu origem, mais tarde, a uma complicada disputa de direitos autorais, quando Xuxa Meneghel, convertida em rainha dos baixinhos, brigou na Justiça por sua interdição. Foi o Boca de Ouro na insatisfatória versão da peça de Nelson Rodrigues por Walter Avancini (com Claudia Raia e Luma de Oliveira) e interpretou-se a si mesmo no experimental Anabazys, de Joel Pizzini e Paloma Rocha.

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