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Política conturbada

Navegar é preciso, mesmo com bate-boca

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Autor/Imagem:
Adailton Braga

Não me considero um mensageiro do medo, nem gosto de coadunar-me com aqueles que o são. Prefiro acreditar que do seio da sociedade que pleiteia, almeja e clama, sob o signo de exigências muitas vezes indefinidas, que busca afirmação em movimentos que parecem antagônicos, é que leva o poder estatal em direção aos objetivos que são de interesse da sociedade. E faz parte desse processo o fato de o ministro Paulo Guedes, representando o Poder Executivo, se engalfinhar em bate-bocas com parlamentares. Afinal, os desencontros fazem parte do encontro. Não ter desencontros, seria no caso não ter encontros, mesmo caso em relação ao ministro Sérgio Moro.

Temos reiterado que a reforma da Previdência é sim necessária, desde que vise tirar regalias, benesses e privilégios, dos quais ela ainda é recheada. O sistema previdenciário hoje suga recursos necessários à outras áreas prioritárias, como Educação, ciência e tecnologia, áreas que sem investimento, nos levarão ao período medieval. Mas votar no Senado o orçamento impositivo, tornando obrigatória execução de emendas parlamentares, na minha opinião foi um retrocesso desnecessário, isso não coaduna com a necessidade de reforma do Sistema.

Vejo sempre com bons olhos a disseminação dos movimentos reformistas do Sistema, como os desenvolvidos pelo senador Álvaro Dias e outros, tomando força no bojo do Estado, que por seu próprio movimento, ou em consequência do desenvolvimento das reivindicações populares, pode se fazer o agente da mudança social e o promotor de um Sistema que vise uma melhor equidade. Esse é o caminho.

No caso dos conflitos políticos: um alinhamento no sentido amplo na ação política não é necessário, nem louvável. Logo, esses conflitos acirrados entre as equipes do Executivo e Legislativo são salutares, desde que balizados pelo bom senso, e pelo senso de missão em prol da qualidade dos Sistemas legais que servem à sociedade. Se o Ibovespa fica tensionado, em altas e baixas nervosas, é sinal que há inter-relação entre os fatos postos.

A instituição de novos direitos é bom que seja sempre fruto do debate, da participação, da contribuição tenaz de todos os segmentos. Uma nova relação com a política precisa se esboçar sob os olhos atentos e críticos de toda a sociedade, de forma participativa.

Um Estado coercitivo somente é evitado, quando há prestação de contas entre as partes, que também devem buscam construir tudo à várias mãos. Logo, o Executivo apresentar com zelo os objetivos do Governo é uma questão de responsabilidade, e com clareza as pautas prioritárias, e pedir apoio para a votação e perseverar nos devidos esclarecidos é também fortalecer os laços democráticos entre Executivo e Legislativo, aos olhos de toda a sociedade. E claro, a oposição, tem seu pape: ser cética ao extremo, mas não pode fugir, se negar ao diálogo, pois todos tem responsabilidade com o bom senso, cabendo à todos a exigência da transparência nas ações.

Realço também o papel fundamental da internet nesse processo de fortalecimento da sociedade civil. A internet possibilita às informações chegarem à todos os cantos e recantos da sociedade, dando à todos os níveis sociais a possibilidade de ter informação, de questionar, de refletir, de tensionar. Claro que esse fato tira o sono do Sistema e seus aproximados, abala suas zonas de conforto. Vejo na mídia os reclames da OAB, do STF, da CNBB, da FIESP… mas não cabe os reclames, é preciso que o espírito político se propague por toda a extensão do social, tendo a sociedade civil, com certeza, a capacidade necessária para compreender tudo o que lhe chega, pois o contrário disso é entender que a sociedade é infantilizada, o que não é verdade. E pensar assim demonstra um Sistema que tem medo.

Melhor caminhar na direção de consagrar, compor uma fusão entre o Estado, que supostamente encarna o povo em geral, e todas as instituições da vida civil. O contrário disso seria materializar um Estado que detém a onipotência, isso seria totalitarismo.

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