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80 anos depois

Nazismo foi vencido, não morto; agora tenta voltar como se Fênix fosse

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Autor/Imagem:
Jorge Marçal - Foto Francisco Filipino

Na data de 8 de maio o Ocidente comemora o Dia da vitória contra o Nazismo, mesmo que, na Rússia e nos países do leste europeu, a comemoração oficial ocorra no dia 9 de maio.

Após a entrada dos soldados soviéticos em Berlim, o ditador Adolf Hitler cometeu suicídio em 30 de abril de 1945 e os seus seguidores remanescentes, finalmente concordaram em assinar e formalizar a rendição incondicional da Alemanha em 7 de maio na cidade francesa de Reims, perante o general Dwight Eisenhower, comandante das tropas aliadas.

A capitulação definitiva, porém, só foi assinada em 8 de maio de 1945 em Berlim, capital do derrotado regime nazista, diante de representantes da União Soviética, Estados Unidos, Reino Unido e França.

A rendição sem condições da Alemanha Nazista havia sido assinada pelo general Alfred Jodl que seria, mais tarde, condenado à morte pelo Tribunal de Nuremberg por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Do lado vencedor, a ata de capitulação foi assinada pelo general Walter Bedell-Smith, chefe do Estado Maior do general estadunidense Dwight Eisenhower, e pelo general soviético Ivan Suslaparov. François Sevez, adjunto do general francês Alphonse Pierre Juin, também assinou o documento na condição de testemunha.

O fim da guerra ocorreu de fato após a Batalha de Berlim, último capítulo da ofensiva soviética contra as forças alemãs. A batalha teve início em abril com a irresistível arremetida dos soldados soviéticos até a capital alemã e o esmagamento dos últimos bolsões da resistência militar nazista.

Na verdade, esse resultado já era esperado desde fevereiro de 1943, quando o Exército Vermelho venceu o Wehrmacht (Exército alemão) em um dos maiores confrontos militares da história que ficou conhecido como “A Batalha de Stalingrado”.

Mais tarde, em 6 de junho de 1944, os Aliados desembarcavam na Normandia, data mundialmente conhecida como “Dia D”. A operação é considerada a maior invasão por mar da história e deu início à libertação dos territórios ocupados pelos alemães no noroeste da Europa, capítulo da guerra fartamente ilustrado por centenas de filmes e séries grandiosamente produzidos pela indústria de Hollywood.

Embora o fim da guerra tenha sido confirmado em 7 de maio, os Aliados haviam concordado que a comemoração deveria acontecer somente no dia 9. No entanto, jornalistas ocidentais lançaram a notícia da rendição mais cedo que o acordado, precipitando as comemorações para o dia 8. Já a URSS, manteve a celebração na data combinada.

É preciso registrar que o Exército Vermelho foi “o principal motor da destruição do nazismo”, conforme escreve o historiador e jornalista britânico Max Hastings em “Inferno: The World at War, 1939-1945”. A verdade histórica é que a União Soviética

pagou o preço mais duro dentre as nações que combateram a máquina de guerra nazista: embora os números não sejam exatos, estima-se que 27 milhões de cidadãos soviéticos morreram durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo cerca de 11 milhões de soldados. Ao mesmo tempo, os alemães sofreram três quartos de suas perdas durante a guerra lutando contra o Exército Vermelho.

Esse sintético retrospecto do conflito militar que retrata a última etapa da Segunda Guerra Mundial, nem de longe demonstra o quão perto estivemos de viver sob o tacão de um regime totalitário nazi-fascista e seus horrores factuais e potenciais.

Não obstante a heroica vitória militar de uma ampla coligação mundial liberal-socialista contra os regimes fascistas que vigoraram na Alemanha, Itália e Japão durante a Segunda Guerra Mundial, a luta contra a ideologia de extrema-direita continua mais atual do que nunca.

Como sabemos, países importantes no atual cenário internacional tem – ou já tiveram – governos alinhados ou simpáticos à linha geral do pensamento que catapultou Hitler ao poder na Alemanha nazista, países tais como: Argentina, Turquia, Itália, Brasil, afora outros e, principalmente, os Estados Unidos da América.

Além disso, em muitos países da Europa, partidos de extrema-direita obtém significativos resultados eleitorais e ameaçam continuamente ascender ao poder com pautas extremistas e excludentes contra imigrantes, mulheres, gays, proteção ao meio- ambiente, direitos das minorias e garantias trabalhistas.

Tal cenário, fruto das contradições do capitalismo do século XXI e da alienação de grande parte da população mundial em relação ao significado de alçar ao poder forças políticas que já demostraram os horrores de que são capazes, coloca em sério risco as liberdades básicas e os direitos duramente conquistados pela classe trabalhadora – e pelos democratas de todas as matizes – através das lutas e embates históricos contra o totalitarismo fascista em todas as regiões do planeta.

O século XXI trouxe consigo, além de notáveis avanços tecnológicos em todas as áreas, uma composição política perigosíssima para a luta por um mundo lastreado na justiça social, dignidade humana, ampla cidadania e liberdades políticas: a união visceral do grande capital e seus próceres midiáticos (Elon Musk, entre outros) com a ideologia autoritária nazi-fascista, súcia amplamente vitoriosa na última eleição dos Estados Unidos.

Tal centro de poder excludente, discriminatório e anti-humanista estende os seus tentáculos por todo o mundo, ameaçando a multilateralidade planetária, a autonomia das nações e as conquistas da classe trabalhadora.

Não é à toa que surgem notícias de que o governo Trump, além de tentar submeter o mundo através de taxações econômicas, tenta influir na eleição do nova Papa, assim como já tentou influenciar as últimas eleições na Alemanha.

Fica, pois, muito claro que precisamos continuar atentos e fortes para que a histórica vitória comemorada no dia 8 de maio não tenha sido em vão.

As representações de classe e dos democratas sinceros que, nas palavras de Ulisses Guimarães sentem ódio e nojo pelas ditaduras, tem a urgente missão de congregar e mobilizar os trabalhadores para a atualíssima luta contra o neo-nazi-fascismo do século XXI e suas pautas excludentes, autoritárias, anti-humanistas e anti-populares. Nesse sentido, mais do que nunca, precisamos falar bem alto:

NÃO À ANISTIA PARA GOLPISTAS, NÃO À PEJOTIZAÇÃO E À DESTRUIÇÃO DA CLT, NÃO ÀS PRIVATIZAÇÕES PREDATÓRIAS, NÃO À CONTINUIDADE DA DESUMANA ESCALA 6 X 1, NÃO À MILITARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO, NÃO À QUALQUER CANDIDATURA DE EXTREMA-DIREITA EM 2026!

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Jorge Marçal, Ex-diretor da FENAE, APCEF/RS E APCEF/SP, é colaborador de Notibras

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