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Visão dos cientistas

Nossa extinção está a caminho. E vai ser a sétima

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Bartô Granja, com BBC News

“Estamos diante da sexta extinção em massa, e o ritmo de extinção está 10 mil vezes mais rápido que o normal”. A afirmação da ativista sueca Greta Thunberg, feita à beira das lágrimas, diante do Parlamento Europeu em abril deste ano, vai acontecer. Mas não a sexta, e sim a sétima. Pode ser hoje, amanhã ou a longo prazo. Mas que o fim da vida que habita nosso planeta está a caminho, os cientistas não duvidam.

Embora as palavras da jovem ambientalista ditas há seis meses tenham repercutido ao redor do mundo, estudos recentes mostram que ela pode estar errada. E a justificativa não está relacionada à tese de que a Terra não está enfrentando fenômenos como o derretimento das calotas polares, o desmatamento das florestas, a poluição do ar ou a extinção de milhares de espécies.

O possível equívoco da ativista tem a ver com algo totalmente diferente: os cientistas dizem que o planeta já sofreu uma sexta extinção em massa… mas há cerca de 260 milhões de anos.

Até agora, acreditava-se que tinham acontecido cinco grandes eventos de extinção em massa no planeta, ou seja, fenômenos em que um grande número de espécies sem descendentes desaparecem ao longo de um período limitado de tempo. Essas extinções definiram os períodos geológicos: Ordoviciano (há 443 milhões de anos), Devoniano Superior (há 372 milhões de anos), Permiano (há 252 milhões de anos), Triássico (há 201 milhões de anos) e Cretáceo (há 66 milhões de anos).

Mas, nesta semana, uma equipe de cientistas do Departamento de Biologia da Universidade de Nova York, nos EUA, publicou um estudo que poderia mudar a ordem desses períodos geológicos. A pesquisa – que também contou com a participação do cientista Shu-zhong Shen, da Universidade de Nanjing, na China – se concentrou no período final da época Guadalupiana (ou Permiano Médio), quando uma grande extinção afetou a vida em terra e nos mares.

“As classificações em termos de números de espécies que sofreram extinção, e especialmente em termos de impacto ecológico, colocam o evento de Guadalupiana (há 259,8 milhões de anos) na mesma categoria das outras grandes extinções em massa. Portanto, aparentemente houve seis grandes extinções”, diz o estudo.

O evento ocorreu ao mesmo tempo que a inundação de basalto (consequência de uma erupção vulcânica gigante) que criou a estrutura geológica onde fica atualmente o Monte Emei, extensa formação rochosa encontrada no sul da China.

“Erupções grandes como esta liberam grandes quantidades de gases de efeito estufa, especificamente dióxido de carbono e metano, que causam um forte aquecimento global, com oceanos quentes e pobres em oxigênio, que não é conduzido à vida marinha”, explicou Michael Rampino, coautor do estudo.

Com essas novas informações, acrescenta a pesquisa, acadêmicos e ambientalistas (incluindo Greta Thunberg), devem começar a se referir à atual perda de espécies como a “sétima extinção”.

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