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Poder oculto

Nossa mente tem como se autogovernar

Publicado

Autor/Imagem:
Andrea Pavlovitsch

Nestes dias que antecedem a Páscoa, penso muito em Jesus. Não sou católica, nem tenho nenhuma religião específica, mas penso na sua história e na sua trajetória como um ser humano iluminado. E depois de uma boa noite de sono, acordei com alguns pensamentos que, para mim, estão fazendo todo o sentido. A grande missão da vida na Terra é uma só: a iluminação.

Poucas pessoas conseguiram isso. Algumas, como Jesus, Buda, Osho, ficaram famosas. Outras não, simplesmente iluminaram e partiram para, o que eu acredito serem, novas missões. Mas o que é, então, a iluminação? Tudo o que está aqui, no nosso plano físico, na nossa matéria, a nossa vida é maya.

Maya são as ilusões, são as construções da nossa mente. Sim, ela de novo, a mente. A mente também tem outros nomes como ego, superego, cabeça, racional, enfim, tudo o que nos faz pensar, acreditar, o que nos estrutura como uma pessoa aqui neste plano. Eu-mente sou Andrea-escritora-filha-motorista, por exemplo. O meu nome, minha profissão, minha casa, meu gosto musical, isso tudo é da minha cabeça, da minha mente, do meu ego.

A mente é muito importante, sim. Ela cria em nós uma identidade, precisa integrar todas as informações (de fora e de dentro de nós) que aparecerem. E é só através desta identidade que conseguimos viver em sociedade. Ela nos dá boas ideias, nos eleva, ela nos conduz, nos acalma. Ou por outro lado, nos fragmenta, nos derruba, nos confunde, nos enlouquece. É da mente aquela vozinha, lá dentro da cabeça, dizendo “você acha que um cara destes vai te dar alguma bola?” ou “claro que é muito difícil passar naquela prova, mas você até pode tentar.” Ou então, “só mais um brigadeiro, que mal que pode fazer pelo amor de Deus?”, quando você está de dieta. Ou, “só mais um gole”, “o que é que tem transar sem camisinha?” e toda a sorte de só hoje.

Bom, a mente é assim. É hedonista, só pensa mesmo no momento e no prazer que poderá proporcionar. Uma pessoa dominada pela mente pode se perder no que eu chamo de um labirinto da mente, sem nenhuma referência real de si mesmo. É uma porta aberta, escancarada para as doenças físicas e, principalmente, mentais e espirituais. A mente dominando acaba com a gente. A mente é como um cão que você pegou na rua. Pode ser muito legal, colaborar e ser sua amiga, mas, primeiro, precisa ser disciplinada. Ela precisa de não, de sim, de domínio. É como naquele programa da Super Nanny, sabe? Colocar de castigo para pensar, não deixar fazer tudo o que quer. E, caramba, como isso é difícil.

É difícil porque acreditamos demais nela. Acreditamos que somos a mente e não que somos a nossa alma. Quando eu acredito que sou a fulana de tal, tantos anos e posso só isso e não aquilo, estou presa na mente, na cabeça. Ela está lá, toda feliz, dominando a minha vida. A alma já é bem diferente. A alma, a essência, o inconsciente, o lá dentro, chame como quiser também, é a parte mais profunda de nós. É isso que não morre, que transcende a matéria, que tem um entendimento geral de tudo e de todos. É onde mora a tal da paz de espírito, a verdadeira felicidade, independente do que você tenha ou não tenha na mente. Ela não tem nome, nem profissão, nem idade. Ela é eternamente jovem, saudável, sadia. Lá não existe medo, não existe ruim, não existe o que não seja Deus. É Deus em nós, é a suprema felicidade em nós e é isso que vivemos procurando por aí (nas compras, na comida, no sexo, no amor desenfreado) e que não achamos de maneira alguma. É preciso estar no caminho da iluminação para entender, mesmo que bem no começo dele.

Jesus passou 40 dias no deserto. Privado de água, de comida, lutando contra os demônios. E demônios nada mais são do que a mente, do que as tentações da mente. Do que aquele para com essa palhaçada e volta pro vilarejo para comer e beber à vontade. Ele não voltou. Ele sabia que se conseguisse dominar a mente, poderia tudo. Poderia fazer milagres, transformar a água em vinho, curar pessoas (ou somente estimular que elas se curassem pela sua fé,um pedaço da nossa iluminação). A iluminação nada mais é do que juntar estes pedaços nossos e parar de acreditar na cabeça.

E eu aqui sentada, imagino o quanto foi difícil. Para ele e para qualquer iluminado conseguir sucumbir a mente. Não que ela não mais exista na pessoa, mas aí ela já estava num outro nível de entendimento tão superior, que nada do que é terreno atrai mais. Chico Xavier sentiu isso, Jesus sentiu isso, Buda sentiu isso. Passaram pelo processo para nos mostrar o que é a verdadeira morte e renascimento, morte e ressurreição. Deixar sua mente morrer para permitir que sua alma fale por você.

As mães passam por isso também, mesmo que em alguns momentos. Todo mundo já ouviu falar de uma mãe que consegue dar a própria vida pelo filho ou levantar um carro pra tirar seu pequeno lá de baixo num acidente. Neste momento, elas estão iluminadas. Não acreditam mais na lei da física, na gravidade, na força inferior feminina e nem nada do que a mente ou as crenças disserem e a alma se expande e toma conta delas. Por amor. Um amor puro e verdadeiro que as mães conseguem acessar com a maternidade. E aí, podem ser iluminadas, nem que seja só por um instante.

E nós? Eu e você o que fazemos agora? Vamos para o deserto, abrimos mão de tudo o que é material e viramos mendigos iluminados? Não precisamos mais disso, não precisamos dos sacrifícios que os grandes mestres precisaram passar para nos mostrar a verdade. Podemos simplesmente trabalhar isso no nosso dia a dia. A cada escolha pense: esta é uma escolha da mente ou da alma? Fazer esta pergunta, no começo, será difícil. Porque a mente está tão acostumada a ditar as regras que vai te fazer continuar no automático. Aos poucos comece a separar uma coisa da outra e da outra e da outra. Escolha um objetivo pra isso, não sei, alguma coisa com a qual você tenha alguma dificuldade. E entenda, dentro disso, quais são as escolhas de ego e de alma. Sua profissão é uma escolha de ego ou de alma? Você quer continuar trabalhando lá porque você terá mais dinheiro ou porque te faz feliz de verdade? Seu companheiro (marido, namorado/a, esposa) é uma escolha de ego ou de alma? Você está com ele/a porque é bom para mostrar pros outros que você não está só, porque ela tem dinheiro para te ajudar, por carência? Ou por um amor de verdade que te faz sentir bem a cada dia da sua vida? E o amor que você sente é um amor da cabeça ou da alma?

Podemos nos fazer milhões de perguntas e, com as respostas, começar a entender a nós mesmos. Entender de que lado estão as nossas escolhas. Se você começar a perceber que a maioria das suas escolhas são da mente, comece a repensar a sua vida. Por que talvez você seja só uma pessoa perdida no labirinto da mente e não mais um ser humano vivendo em sua plenitude. Aprendendo, amando, sendo você mesmo. Pare de se estabelecer padrões, crenças, atitudes de teimosia. Você não veio com um crachá no peito e, quando partir, não vai levar nenhum. É a sua alma quem faz esta viagem linda, vai e vem no tempo e no espaço para que possamos aprender a ser iluminados.

E se eu tenho um desejo de alma é que todos, um dia, consigam chegar a isso. E todos, cada um de vocês e eu, temos esse potencial dentro de nós. Basta acreditar!

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