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Aqui tenta-se um golpe

Novo coronavírus jogou mundo na 3ª Guerra. E daí?

Publicado

Autor/Imagem:
Ka Ferriche

A população brasileira, agraciada por habitar um continente relativamente pacífico, não é preparada para assimilar as terríveis conseqüências de guerras tradicionais, bélicas e arrasadoras. Em todo o mundo elas são muitas e freqüentes, embora distantes da nossa realidade. A nossa batalha de maiores proporções, liderada pelo Brasil contra o Paraguai foi há mais de 150 anos e considerada a maior da América Latina.

Mais de 50 mil brasileiros morreram nela. O Paraguai perdeu 70% da sua população, parte do seu território e ainda teve que indenizar o Brasil de D. Pedro II. Além dos canhões, os combatentes enfrentaram a cólera, pandemia da época. Até hoje os guaranis pagam a conta e sofrem as mazelas daquela guerra. A vitória veio após derrotas em algumas batalhas, quando nosso Exército recuou para depois avançar.

A estratégia militar cabe perfeitamente na atualidade. É verídica a analogia de que vivemos uma Terceira Grande Guerra, agora microscópica, sem o afã de querer encontrar um responsável que só o futuro poderá revelar. Ou não. Os europeus, mais assíduos em confrontos seculares armados, que viram a Europa ser palco da Segunda Grande Guerra, quando 70 milhões de pessoas foram abatidas, estão mais habituados com a mortalidade em grande escala.

Espanhóis, italianos, franceses, ingleses, alemães, russos, judeus, trazem no DNA o alerta permanente para um confronto que pode atingir e matar os seus a qualquer momento. Contar mortos é comum. São soldados patrióticos. E reagem imediatamente ao pós-guerra reconstruindo suas sociedades. Nós, não. O Covid-19 é a nossa primeira guerra urbana de dimensão nacional.

Está no sangue e na mente de muitos povos a morte que amontoa vítimas fatais nas ruas, mutila sobreviventes e suas famílias, inclusive dentro das casas, resultado de batalhas armadas. Bombas caem sobre seus telhados onde estão mães que abraçam seus filhos apavorados. Comparada ao cenário real de conflitos armados, muitos em curso atualmente, a Rocinha, favela do Rio de Janeiro é um playground. Com direito a pagode na laje.

Na guerra física, estilhaços de granadas desintegram membros e almas. Para muitos, esse é o cotidiano. Quando não vivem um conflito, um conflito mora ao lado. Kwait, Bósnia, Kosovo, são exemplos de guerras cruéis que dizimaram centenas de milhares de pessoas recentemente.

Voltando à Covid-19, nossa atual Grande Guerra, que envolveu todos os países em tempo recorde, dos EUA de Donald Trump à Índia de Ram Kovind, da Itália de Giuseppe Conte à Inglaterra de Boris Johnson, da Espanha de Pedro Sánchez ao Brasil de Jair Bolsonaro, todos enfrentam o inimigo invisível comum como podem na tentativa de derrotá-lo.

Igualmente como na guerra tradicional, surgem informações também imprecisas, agravadas, no nosso caso, por um alarmismo insensível que torce por uma tragédia cada dia maior. A guerrilha – cuja base foi estabelecida em muitas redações de jornais e TVs, em tribunais superiores e até (agora) de primeira instância, no parlamento, em instituições internacionais de saúde, centros acadêmicos, na agricultura familiar de epadu e cannabis, ONGs -, usa a contrainformação para dificultar o avanço da tropa sobre o inimigo viral.

Esse grupo quer a derrota da sociedade para o inimigo invisível com a meta de tomar o poder. São mais nocivos que o próprio vírus. Mentem com percentuais inexplicáveis, como, por exemplo, o resultado do cálculo que algum matemático genial determinou, como o índice de isolamento que deve ser de 70%.

Uma simples pesquisa identifica que cerca de 30% da população já cumprem o isolamento social involuntário por outros motivos, entre eles, enfermidades ou impedimentos de circulação social como Alzheimer, Atrofia Sistêmica Múltipla, Tetraplegia, Paraplegia, Diabetes crônica, acidentados graves e dezenas de outros males. Sendo assim, a meta de 70%, na realidade, corresponde a 100% daqueles com mobilidade, impossível de ser alcançada. Querem que Malba Tahan faça os cálculos ou que desenhe? E quem trabalharia nos postos essenciais? A conta é simples. Nem vamos considerar que seja uma orientação da OMS, letárgica e desmoralizada.

Outro enigma é a forma de aferição do isolamento. Divulgado com precisão (54, 51, 63,5%…), é espantoso como existem mecanismos para saber em qual cômodo da casa estamos e o que acabamos de comer. Impressionante! Alegam que o monitoramento vem dos aparelhos celulares. Essa farsa é pior ainda. O Brasil tem média superior a 2 telefones móveis por habitante, mas ainda assim as operadoras são capazes de identificar um a um os usuários. E os celulares da população carcerária, não conta? Ah, tá, eles já cumprem o isolamento, desde que não tenham sido condenados em segunda instância, e além disso não possuem celulares. Piada pronta. Percentuais que são repetidos nos telejornais como mantras inquestionáveis. Impossível acreditar neles se você tem meia dúzia de neurônios sãos.

A Terceira Grande Guerra que vivemos apresenta outras curiosidades: não há mutilados. Ou se vive ou se morre. É um combate original, vamos reconhecer. Dizem que há um subfaturamento na conta por não existir testes para os mortos. Esquecem de dizer que há, igualmente, um superfaturamento na conta daqueles que morrem por outros motivos e que são contabilizados como vítimas do coronavírus.

Na guerra tradicional a propaganda tem como finalidade levantar o moral da tropa, repete que a vitória está prestes a acontecer, mas não há descuido quanto à segurança. Estão sempre alertas. O princípio deveria ser o mesmo, alimentar a expectativa de que a cura está próxima, que o esforço quase insuportável da sociedade não será em vão. Utilidade pública é isso. Mas, ao contrário, a intenção pernóstica é criar pavor, desestabilizar o emocional coletivo, destruir a pouca esperança que resta.

O objetivo está declarado com uma única finalidade: abalar as estruturas governamentais com fins exclusivamente políticos. Que se dane a população! Nas guerras conhecidas, quando foram destruídos portos, aeroportos, zonas urbanas, fábricas, pontes, monumentos, residências, a população imediatamente ocupou as ruas para reconstruir seus países. O Japão, apesar do flagelo de duas bombas atômicas, sem mesmo saber os efeitos nucleares sobre suas gerações seguintes, sem ter nem o que comer, foi capaz de voltar às ruas e fazer surgir uma potência das cinzas em menos de meio século.

Em todos os casos, a motivação foi a união coletiva, a orientação correta, a informação honesta sobre o cenário. Alguém deve avisar aos setores divididos da nossa sociedade que estamos em guerra. Os efeitos dela não são unilaterais, não escolhe direita ou esquerda, sábios ou tolos, bandidos ou mocinhos. Mata a todos. Para quem recebe treinamento específico, no caso de militares, o resultado de confrontos deixa dois números: o de vivos e o de mortos. Simples assim. Guerra é guerra, ou se ganha ou se perde.

Não há registro de algum jornalista que tenha formulado uma pergunta imprópria a um dos generais mais populares no episódio da Segunda Grande Guerra, Douglas MacArthur, tipo: “O que o senhor acha dos 70 milhões de mortos dessa guerra?” Talvez ele estivesse pensando que lutaram preocupados com a menor taxa de baixas possível; que viveram um momento terrível e triste; que o mundo pagou um alto preço pela liberdade; que tudo que estava ao alcance dos aliados foi feito; que todos os recursos materiais e humanos foram empregados; que todos os países envolvidos fizeram o seu melhor; que o inimigo foi derrotado, que é o que interessa em uma guerra.

Seriam respostas previsíveis para uma pergunta idiota, em uma situação de grave conflito. Entretanto, nenhum dos generais, cartesianos e pragmáticos como devem ser, que enfrentaram aquele terrível momento da humanidade, diante de uma indagação cretina como essa, teria outra reação, senão: “E daí?”.

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