O Deus Que Não Vira o Rosto

Há dores que nos deixam em silêncio, e há silêncios que nos fazem acreditar que estamos sozinhos. Quando o peso da vida fica grande demais, quando o peito aperta, quando o mundo parece seguir sem perceber o que enfrentamos, nasce aquela pergunta que nunca dizemos em voz alta, mas que ecoa dentro de nós: “Será que Deus está vendo tudo isso?”

E a resposta mesmo quando não sentimos é sempre a mesma:

Deus não é indiferente à nossa dor.

Nós é que, às vezes, cansamos de esperar.

Nós é que, feridos, achamos que Ele se calou.

Nós é que confundimos silêncio com ausência.

Mas Deus nunca desvia o olhar.

Ele vê o que ninguém percebe, entende o que ninguém traduz, alcança o que ninguém toca. Ele conhece cada lágrima que seguramos para não preocupar ninguém, cada angústia que escondemos por vergonha, cada batalha interna que travamos sem testemunhas.

Há momentos em que Ele parece quieto, mas é nesse silêncio que Ele trabalha por nós. Não de longe, não com frieza mas com uma proximidade que só quem já foi sustentado em um dia difícil consegue reconhecer. Deus não está apenas ao nosso lado: Ele está dentro da nossa própria força, em cada passo que damos mesmo quando pensamos que não conseguimos mais.

E quando finalmente olhamos para trás, percebemos que não fomos nós que superamos… fomos carregados.

Nossa história não é ignorada por Ele. A nossa dor não é pequena demais. O nosso pedido não é irrelevante. O nosso coração não é despercebido. Deus não é indiferente ao que vivemos. Ele é intencional.

E parte dessa intenção é nos lembrar que, mesmo nos dias em que o mundo não nota, o céu inteiro se move por nós. A fé não apaga a dor, mas nos impede de acreditar que ela é permanente. E é nesse encontro entre o que sentimos e o que Deus sabe que encontramos forças para continuar. Porque, no fim, nada do que vivemos passa despercebido diante dEle.