12 de Outubro
O dia da Mãe, dos filhinhos e a coincidência que não se apaga
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É bom pensar que o dia 12 de Outubro é especial por ser o Dia das Crianças.
Mas é ainda mais bonito e, de certo modo, misterioso lembrar que é também o dia de Nossa Senhora Aparecida.
O Brasil inteiro se veste de azul, e Belém do Pará para.
As ruas se enchem de promessas, velas, fitas e lágrimas.
É o dia da Mãe e dos filhinhos pequenininhos.
E há uma força simbólica nessa coincidência que o tempo não apaga.
Talvez seja Deus nos lembrando, de forma silenciosa, que o amor verdadeiro é sempre um gesto de cuidado.
Que o sagrado está no colo, no afeto, na proteção.
Porque não há maternidade sem infância e não há infância sem quem a proteja.
Enquanto muitos celebram com brinquedos, risadas e doces, há quem olhe para o céu e diga: “Aparecida, aparece em nós”.
E é um pedido tão simples e tão profundo: que Ela apareça, não como milagre distante, mas como força cotidiana.
Que apareça nos corações endurecidos, nas políticas esquecidas, nas mãos que se recusam a amparar.
Aparecida é a Mãe que não distingue cor, credo, fronteira ou bandeira.
É a Mãe que se faz presença onde o mundo se cala.
É aquela que olha por todas as crianças as que brincam nos quintais, as que estudam nas escolas, as que correm em meio ao medo, as que dormem sob escombros.
É a Mãe que, de algum modo, nos lembra da humanidade perdida nas pressas do cotidiano.
É curioso: enquanto o país celebra a infância, há um Brasil que reza.
E nesse cruzamento entre fé e ternura, talvez esteja o segredo do que esquecemos.
Porque o amor, quando é verdadeiro, tem o mesmo gesto da Mãe que protege e da criança que confia.
Belém para. O rio se enche de promesseiros.
Os sinos ecoam. As crianças sorriem.
E, por um instante, tudo parece se alinhar o divino e o humano, o céu e a terra, o colo e o sonho.
Mas basta olhar um pouco além para lembrar que há crianças sem brinquedos, mães sem filhos, e um mundo que ainda não aprendeu o que significa cuidar.
Talvez o 12 de outubro exista para isso: para que a Mãe nos lembre daquilo que o mercado esqueceu.
Para que o sagrado nos devolva o sentido do simples.
E para que, ao olharmos para nossas crianças, lembremos que o futuro depende da forma como as tratamos hoje.
Que Aparecida apareça em nossos corações e nos mostre o caminho.
O caminho que não se escreve com promessas, mas com atitudes.
O caminho que não se encontra nos altares, mas nas ruas, nas escolas, nos lares e principalmente, nos olhos dos pequenos.
Porque cada criança que sorri é um milagre que resiste.
E cada mãe que ora é um pedaço de fé que insiste.
No fim, talvez o 12 de outubro seja o lembrete de que a fé e a infância são irmãs: ambas acreditam no impossível.
E é nessa crença, tão pura e tão antiga, que o mundo ainda pode ser salvo.