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O medo feminino e a vergonha masculina estão bem aí, e conversar é a saída

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Vanessa Mazza Furquim

Por mais que sejam humanos e em essência tenham mais similaridades que diferenças, homens e mulheres carregam características singulares que na prática do convívio cotidiano podem transformar um relacionamento de ótimo à ruim e vice-versa, dependendo apenas da postura de cada um em entender ou não estas disparidades.

Segundo dados do IBGE coletados em 2005, a taxa de divórcios no Brasil atingiu a maior taxa nos últimos anos (1,3%) e o tempo médio de duração dos casamentos tem sido apenas de 12 anos, aproximadamente.

Pode-se perguntar então por que tantos casais apaixonados no início de namoro chegam a esta situação de separação, cheios de dor e ressentimento.

Obviamente não há como generalizar os motivos, já que a complexidade dos seres humanos por si só já deixa margem à milhares de hipóteses. Entretanto, se buscarmos a resposta mais simples – a geralmente citada na maioria dos casos como sendo a principal razão para o divórcio – encontraremos o termo incompatibilidade de gênios.

Em outras palavras, aqueles parceiros, que antes eram tão deslumbrados um pelo outro, de repente não conseguem mais conviver juntos, tornando-se ou frios e indiferentes ou raivosos e críticos. Essa dualidade pode igualmente ser bem percebida entre uma separação amistosa e uma litigiosa.

Será que todas essas separações são frutos do fim do amor que outrora sentiam? É fato que muitos dos divorciados dizem que em determinado momento não se sentiam mais compreendiam. Falavam e não eram ouvidos. Expressavam-se e eram mal interpretados. Seria, portanto, erro de comunicação?

Segundo os terapeutas de casais Patrícia Love e Steven Story, que recentemente lançaram o livro Não Discuta a Relação (Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2007), o que está por trás de toda esta insatisfação entre os casais é muito mais simples, porém, menos evidente: a diferença natural entre homens e mulheres, vindas igualmente da educação e da sociedade onde cresceram.

Enquanto as mulheres respondem mais ao medo de sofrerem privações, de serem machucadas ou de ficarem sozinhas, os homens são particularmente afetados pela vergonha de não vencerem na vida, de não serem os provedores da família ou de não mostrarem seu devido valor ou honra ao meio onde habitam.

Então, quando um homem e mulher conversam, principalmente em tempos de crise, estão tentando comunicar através das críticas, da ansiedade e tensão, a vergonha e o medo que sentem respectivamente, e que não sabem expressar e compreender tanto em si mesmo, quanto no outro.

Assim, toda a vez que o homem se sente fracassado, ele se isola e se retrai, pois tenta evitar pensar ou falar sobre aquilo que lhe traz vergonha. Mas, quando sua companheira o vê desse jeito, automaticamente se sente nervosa e ansiosa, pois um parceiro que não se comunica e se distancia, é um parceiro que a isola, o que ativa rapidamente seu medo de ficar sozinha.

Ela então tenta conversar, pois as mulheres são mais propensas à comunicação – em grupos femininos as amigas mostram compaixão e solidariedade quando uma delas não se sente bem. O problema é que esta característica tipicamente feminina não se aplica aos homens. Ele provavelmente ficará irritado com a insistência dela em falar sobre o assunto. Talvez seja até rude e a ofenda, levando os dois a um ciclo vicioso de ressentimento que tende a aumentar caso não parem de reagir negativamente ao medo e à vergonha um do outro.

“Enquanto as mulheres respondem ao medo de sofrerem privações, os homens são afetados pela vergonha”.

Portanto, quando entendemos essa dinâmica, aprendemos a ser mais compassivos com aqueles que amamos. Se toda a vez que o homem visse sua mulher ansiosa e nervosa, desse simplesmente um abraço nela mostrando apoio, ao invés de se sentir envergonhado por não ter evitado a insatisfação dela, não teríamos conflito.

E, se toda a vez que a mulher percebesse a vergonha em seu amado, fizesse com que ele se sentisse necessário e compreendido, dando-lhe espaço para ficar sozinho e mostrando de maneira sutil, atividades que o façam se sentir útil, ele não se irritaria e não se distanciaria.

É somente demonstrando compaixão pelo companheiro, tentando entender as situações sob o ponto de vista emocional do outro, é que conquistaremos um relacionamento harmonioso e feliz.

Por isso, da próxima vez em que for simplesmente reagir, procure agir. O que nos falta é consciência pura e simples do que sentimos, do que fazemos e do que falamos.

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