Desrespeito com o mundo
O que será do planeta depois da passagem do furacão Donald Trump?
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Em qualquer tipo de relacionamento, a exigência mais óbvia e recorrente é que o respeito seja de mão dupla. Como uma corrente sem fim, na política e na diplomacia respeito dado é respeito recebido. Ele é o princípio de tudo. Há pouco mais de uma semana de assento na cadeira mais poderosa do planeta, o republicano Donald Trump parece não ligar para a máxima de que relação alguma sobrevive onde o respeito inexiste. Com seus ouvidos moucos, o presidente norte-americano decidiu tratar seus análogos espalhados pelo mundo da maneira que mais gosta: com grosseria e descortesia.
É de dar nojo, mas é o que ele deve ter aprendido no berço e, agora, com seus camaradas bilionários Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg. Em lugar do bom senso, da legalidade e da compreensão, o mandatário age como um Deus e conscientemente inclui a empáfia, a covardia, o constrangimento, o bullying, a humilhação e a chantagem nas novas regras que criou para achincalhar e diminuir quem o incomoda. Tudo em nome do poder que reconquistou sabe-se lá como.
Aliados à necessidade de ter o a população mundial a seus pés, o egoísmo, a vontade de aparecer e a falta de apreço de Donald Trump pela democracia já começam a gerar controvérsias. Salvo engano, a maioria dos 8,09 bilhões de habitantes da Terra tem certeza de que os próximos quatro anos serão de absoluta tensão. Afora seus imbecilizados seguidores, ninguém recebeu bem o retrocesso de seus decretos, a violência de suas palavras, muito menos o anúncio de que seu país não precisa de nenhuma outra nação.
Sob o argumento da liberdade de expressão, os discursos negacionistas, ultra tarifários, de perdão a criminosos e golpistas, de negação de gêneros e de desrespeito à soberania dos países têm causado horrores e calafrios à humanidade. Por isso, acho que será uma questão de tempo para que essa mesma humanidade, inclusive alguns de seus eleitores e financiadores, perceba que o republicano é uma ameaça real a todos.
O tempo é o senhor da razão. Em breve, certamente aparecerá alguém com a mesma coragem da bispa que lhe passou um sermão para lhe dizer que, ainda que seja um império econômico e uma potência bélica, os EUA podem muito, mas não podem tudo. Em nome desse tempo, devemos torcer por dias melhores. No caso do Brasil, boa parte do povo não quer e não deseja que Trump tire Luiz Inácio para dançar, tampouco o convide para um convescote regado a temas antidemocráticos. Os brasileiros só pedem respeito ao país e a seu líder, independentemente de sua ideologia.
O que se espera de um mandatário que se diz preocupado com as mazelas do mundo não é a torcida pela falência de seus pares. Entendo que o reinado de Trump é autossuficiente, como já foram os impérios romano, britânico, mongol e russo, entre outros. Ele só não deve esquecer que Napoleão Bonaparte, Nero, Josef Stálin, Adolf Hitler, Muammar Kadafi, Saddam Hussein e Bashar al-Assad hoje, no máximo, são nomes de ruas e logradouros da periferia. O que está em análise não é a forma como os EUA serão gerenciados nesses próximos quatro anos, mas sim o que será do mundo em 20 janeiro de 2028, data em que Donald Trump será obrigado a deixar a Casa Branca. Até lá, nos resta pedir “Deus salve a América e todo o planeta”.
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Misael Igreja é analista político de Notibras