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Meio ambiente

Olimpíada escolar Restaura Natureza abre inscrição

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Autor/Imagem:
Carolina Paiva, Edição - Foto Reprodução

A Restaura Natureza, Olimpíada Brasileira de Restauração de Ecossistemas do WWF-Brasil, está com as inscrições abertas para a sua segunda edição. Nesta edição a competição colaborativa será estendida ao 1º ano do ensino médio, além de contemplar estudantes 7º ao 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas de todo o país. As inscrições podem ser feitas pelo site.

Um novo tema formativo, Segurança Alimentar, foi incluído na olimpíada em 2023, juntando-se a outros nove temas atuais que se conectam ao currículo escolar e são caminhos importantes para restaurar a natureza e a conexão das pessoas com ela.

A olimpíada é composta por duas fases simultâneas: a fase online, que apresenta os temas formativos e convida os estudantes a testarem seus conhecimentos individualmente, e a fase prática, realizada em grupo, em que as crianças e jovens vão desenvolver, acompanhados de um professor responsável, os seus projetos relacionados ao uso de tecnologia, plantio, mudanças na gestão da comunidade, campanhas de engajamento ou qualquer ação criativa que promova a restauração dos ecossistemas.

Os alunos acumulam pontos em ambas as fases. Também é possível ganhar pontos convidando amigos para a Restaura Natureza. Todos os grupos que enviarem um relato de suas ações concorrerão em duas categorias: Comissão Julgadora e Voto Popular, que valem prêmios.

Comunidade escolar
Para que a Restaura Natureza contemplasse as demandas da comunidade escolar, foi realizado um processo de escuta com professores e profissionais de educação de diversas cidades brasileiras. O desenvolvimento da olimpíada também considerou as necessidades e temas urgentes apontados por especialistas em restauração do WWF-Brasil e parceiros técnicos.

A olimpíada tem como embaixador o personagem Chico Bento, por meio de parceria institucional com a Mauricio de Sousa Produções. Também são parceiros institucionais o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), os Escoteiros do Brasil, a Mostra Ecofalante de Cinema, a Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (Sobre) e o Criativos da Escola, do Instituto Alana. Conta com o apoio da marca Bom Ar®, da Reckitt Hygiene Comercial, com quem o WWF-Brasil iniciou em 2021 uma parceria de três anos pela restauração do Cerrado e da Mata Atlântica, e da Aegea.

A competição é organizada pela Quero na Escola, associação sem fins lucrativos voltada à educação em parceiria com o WWF-Brasil, governos e empresas em todo país para combater a degradação socioambiental e defender a vida das pessoas e da natureza, além de buscar soluções urgentes para a emergência climática.

Já para a presidenta da Ubes, Jade Beatriz, além da grade curricular ruim, o novo ensino médio desconsidera as diversas realidades estruturais do país e agrava as desigualdades sociais. “Enquanto estudantes de escolas particulares estão nos laboratórios de robótica, química e física, temos aula de como fazer brigadeiro na grade curricular da escola pública. Isso é muito injusto! Nesse modelo não há um incentivo e capacitação para querer adentrar a universidade”, argumentou.

Brasil
“Nossas escolas não têm estrutura. É só fazer um recorte e ver a fotografia da escola pública hoje: teto desabando, salas alagadas quando chove, banheiro sem pia, escola sem banheiro, muitos sem saneamento e sem merenda. […] Como aumentamos tanto a grade curricular para escolas que não tem o mínimo de estrutura pra executar?”, questionou.

“Muitos estudantes precisam frequentar mais de uma escola pra poder conseguir cumprir toda grade. Isso envolve muito, envolve passagem de ônibus, envolve alimentação, envolve um pequeno recurso que pode vir a ser muito para os estudantes, que por consequência, acabam desistindo”, finalizou.

Estrutura insuficiente
Além disso, para Mônica, é falsa a possibilidade de escolhas dos estudantes, já que muitas escolas, justamente pela falta de estrutura citada por Jade, oferecem apenas um itinerário formativo, sobretudo aquelas dos municípios menores ou das periferias das grandes cidades, “gerando uma desigualdade imensa do acesso a conhecimento entre os estudantes”.

Nesse mesmo sentido, o presidente da CNTE lembra que em Pernambuco, onde um modelo semelhante ao novo ensino médio já vinha sendo aplicado há 17 anos, mais de 800 mil jovens entre 15 e 29 anos não concluíram o ensino médio, enquanto aqueles que concluíram ou estão matriculados somam 341 mil. Segundo ele, o modelo passou a ser aplicado quando Mendonça Filho era vice-governador de Pernambuco, o mesmo que foi ministro da Educação do governo Temer, na ocasião da reforma nacional.

“Quando você fecha três turnos da escola e coloca ela em tempo integral, você tira a juventude da escola, principalmente os mais pobres que precisam ajudar a família a ter o sustento do dia a dia”, disse Araújo, também destacando negativamente o esvaziamento do conteúdo disciplinar.

Para o professor Daniel Cara, apesar de algumas poucas escolas conseguirem ofertar a educação integral e o aprofundamento curricular dos itinerários, a reforma do ensino médio fracassou.

“Temos sempre que pensar a política educacional na escala, são 180 mil escolas no Brasil e boa parte oferta o ensino médio. E pensando no conjunto das escolas, a reforma hoje tem gerado mais problemas do que trazido soluções. […] O novo ensino médio está sendo implementado e não está acontecendo, porque ele é tão caótico, é tão desorganizado que ele sequer se estruturou”, explicou. “O problema não é de implementação e organização, o problema é que a reforma não é adequada”, completou.

Segundo ele, pelo que se tem visto nas escolas e nos trabalhos relacionados a projeto de vida e empreendedorismo, o Brasil será “uma fábrica de coachings de Instagram” se houver insistência na atual reforma. “É um conteúdo completamente absurdo nas escolas, é tratar questões sérias como filosofia, sociologia, história e geografia como autoajuda. Isso não pode prevalecer”, disse.

Para o diretor do Sesi/Senai, Rafael Lucchesi, a reforma vai na direção certa ao superar o modelo de ensino passivo-reprodutivo e incentivar o protagonismo do estudante na construção de um projeto de vida e de carreira por meio de uma abordagem interdisciplinar.

“Acreditamos, portanto, que os debates devem ser direcionados para identificar os gargalos e possibilitar uma implementação efetiva do modelo”, disse. “Para isso, são indispensáveis investimentos, não só em estruturas físicas e equipamentos, como também na formação de professores, cujo papel é determinante para as transformações do sistema de ensino e manutenção da qualidade da prática pedagógica e dos resultados da aprendizagem”, destacou.

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