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Os espumantes, uma polêmica levantada e seu banimento urgente

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A nação brasileira ganha mais uma decepção. Em meados do mês de janeiro, minha sobrinha recebeu um presente de outra tia, que mais parecia com um presente de grego (no sentido figurado, claro), o que me causou tamanha indignação.

Quando vi o presente, me deparei com um espumante Disney Spunch, produzido pela Cereser, um dos maiores fabricantes de Espumantes no Brasil, voltada para o público infantil. Ele vem com uma embalagem colorida e traz personagens da Disney, como a Cinderela, a Branca de Neve e o Mickey, Garrafas semelhantes aos de espumantes com álcool, igualzinho a Champanhe que é consumido no Brasil.

Por alguns instantes, fiquei em fase de transição e me veio a mente como as crianças têm sido alvos das empresas, por meio da publicidade abusiva.

Querem lucrar a todo custo, trazem a mensagem de que os pequenos podem brindar como adultos, incentivando as crianças a beberem bebidas alcoólicas como algo normal e cada vez mais cedo.

Num país onde cerca de 54% dos adolescentes entre 12 a 17 anos, já admitiram terem bebido bebidas alcoólicas, e 7% já são considerados dependentes, segundo o último Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) e pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad).

E ainda segundo recente estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em comparação com os países da América Latina, o Brasil aparece em terceiro lugar no consumo de álcool entre os adolescentes.

Felizmente, elas não podem e não devem brindar como adultos. O que eles precisam e se divertir como tal, precisam aprender valores morais e éticos, que tanto se perdem nesta sociedade capitalista que só visa o lucro.

Outro fator problemático é que de um lado, a anatomia da criança não suporta o consumo de álcool e por outro lado, se isto acontecer podem causar diversos problemas, por exemplo: o coma alcoólico.

Esta bebida foi lançada em 2011, e na mesma época a Defensoria Pública de SP recomendou a retirada do mesmo do mercado, alegando que a bebida fere tanto o Estatuto da Criança e do Adolescente, ao induzir o consumo de álcool, quanto o Código de Defesa do Consumidor, e é considerada publicidade abusiva. Porém, até hoje nada foi feito.

No mês de janeiro de 2012, a Câmara de Vereadores do Estado de São Paulo aprovou um projeto, que proíbe a venda de refrigerantes com garrafas parecidas com as de bebidas alcoólicas como espumantes ou champanhe, alegando que as embalagens podem induzir crianças ao consumo de bebidas alcoólicas no futuro. O que aumenta ainda mais os problemas para o Estado em relação ao alcoolismo.

Mas e no Distrito Federal, onde se tem a maior renda per capita do Brasil, o que foi feito, a sociedade tem que se manifestar com urgência, não podemos nos calar! A proibição da venda desse produto deve se estender em todo o Brasil. Precisamos coibir o abuso das empresas, e elas precisam ser punidas por suas ações.

Rócio Barreto, cientista político e sociólogo pela Universidade de Brasília

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