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O tempo não para

Outubro será marcado como embarque no trem pras estrelas

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior* - Foto de Arquivo

As recentes pesquisas de intenção de votos revelam um fato inquestionavelmente preocupante para o principal inquilino dos palácios do Planalto e da Alvorada. Na hipótese matemática mais óbvia – a da soma de dois mais dois -, os dados mostram que foram em vão quase todos os esforços da campanha de Jair Messias para tentar diminuir a distância que o separa de Luiz Inácio. Eram 47% contra 29%, ou seja, quase 20 pontos percentuais. Hoje, um pouco menos, mas muito mais no Nordeste. Embora ainda não sejam definitivos, os números assustam até mesmo quem se acha ungido por Deus e apadrinhado por pastores evangélicos adoradores dos bezerros de ouro, conforme definição do falecido político Leonel Brizola.

Tudo bem que houve uma pequena recuperação na avaliação do governo, mas ainda muito tênue para ser comemorada. O fato é que os percentuais comprovam uma antiga máxima. Quem não se lembra do slogan “O mundo gira, a Lusitana roda”, bordão de uma centenária empresa brasileira de mudanças com referência às voltas que a vida dá? Não se sabe quando a companhia adotou a marca. O que sabemos é que ele significa o que significa: enquanto o mundo gira, a Lusitana roda entregando suas mudanças. Em outras palavras, nada é mais seguro e salutar do que a mudança. Lembrar da Lusitana é o mesmo que lembrar dos mais famosos versos do poeta Agenor de Miranda Araújo Neto, o popular Cazuza, para quem o tempo não para.

Não interessa buscar explicações para a metáfora “tua piscina está cheia de ratos”. Interessante seria garantir à sociedade que, além do cloro, as piscinas do país fossem cobertas exclusivamente de paz e de ventura. Mais do que isso: que a podridão, as maracutaias e os escândalos financeiros não acabassem disfarçados ou escondidos debaixo de tapetes aveludados expostos em palácios e mansões de pessoas de falsa aparência e de gestos nada republicanos. De que adianta chamar adversários de ladrão, bicha, maconheiro ou corrupto e correr o risco de, em futuro breve, ser culpado pela consolidação do país em um grande prostíbulo político?

Por isso, me rendo aos versos sempre progressistas de Cazuza, cuja definição para a música O Tempo Não Para, de 1988, é bastante simplória. Com certeza, o significado imaginado pelo poeta à época é o mesmo que a maioria dos brasileiros imagina agora: não há hipótese de repetir o passado mais recente. Na letra, cuja frases precisam ser repetidas à exaustão, o autor expõe a hipocrisia e as incoerências do conservadorismo brasileiro. Ele também mostra como a corrupção e a ganância dos políticos resultam – e sempre resultarão – na degradação nacional.

Metáforas à parte, a realidade nos obriga a lutar diariamente contra a corrente. Pro dia nascer feliz, podemos até tentar repetir o Blues da piedade ou recuperar Bete Balanço. Inconcebível é insistirmos com a possibilidade de continuarmos Maior abandonado. Que a vontade de mudar não seja entendida apenas como Puro êxtase. Pense e dance e, no dia 2 de outubro, busque Um trem para as estrelas. Vida fácil não existe. Por isso, pensemos no futuro e não aceitemos mais essa festa pobre que os homens armaram para nos convencer. Vamos mostrar a cara para ver quem paga. É imperioso conhecermos o negócio e os sócios do Brasil.

Na ausência de ideias e propostas, as ameaças e o golpismo em vigor realmente não correspondem aos fatos. Por isso, definitivamente o tempo não pode parar. Nossa verdadeira Ideologia está em xeque. A Vida louca vida estabelecida – ou determinada – pelo atual governante nos transformou em seres Exagerados, acabando por nos impor correr atrás de Boas novas. A necessidade é óbvia: independentemente do Codinome Beija-Flor, temos de aproveitar Todo amor que houver nessa vida. Afinal, ainda que seja só para se distrair, O nosso amor a gente inventa. Não queremos ser as garotas ou os meninos do Fantástico, mas Faz parte do nosso show seguir o exemplo da Lusitana. Amor meu grande amor, temos obrigação de girar o mundo. O tempo não para.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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