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Jeitinho brasileiro

Pandemia amplia fila do faça você mesmo

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Autor/Imagem:
Adriana de Luca/CNN - Carolina Paiva, Edição

Aprender um novo ofício foi a saída encontrada por milhares de brasileiros para economizar e ter uma distração durante a pandemia. Muita gente deixou de pagar por alguns serviços e passou a realizá-los por conta própria, em casa.

Cortar cabelo, cozinhar, consertar o chuveiro, tudo que a Ida Nûnes não fazia antes do novo coronavírus expor a quarentena. Ela conta que costumava comer fora de casa. Agora, Ida prepara todas as refeições e fazendo as contas, ela diz que consegue economizar por mês até 600 reais.

“Para que sair se eu posso preparar tudo?” ela indaga.

A mulher ainda exibe os inseticidas caseiros que ela preparou para passar nas plantas e no piso de taco da casa. A idosa também sabe trocar a resistência do chuveiro, tudo a partir de livros e tutoriais na internet.

E Ida não está sozinha nessa jornada. As buscas pelos termos “autocuidado em casa” mais do que triplicaram em uma plataforma digital desde o início do isolamento no Brasil. Maquininhas de cortar o cabelo tiveram aumento de 24% em um dos maiores sites de vendas do país. E a quantidade de mulheres fazendo a própria unha aumentou 43%.

Valéria Ignácio é exemplo de manicure “formada” na quarentena. A assessora de imprensa sempre fez a unha no salão, mas ficou sem renda e para economizar aprendeu a técnica – do jeito dela – e se vira sozinha.

“Economizo 40, 60 reais por semana fazendo a minha própria unha e pretendo continuar fazendo em casa”, ela afirma com convicção.

O problema dessa tendência para o movimento “do it yourself” – o faça você mesmo, é o impacto na economia do país. O setor de serviços é um dos mais afetados pela crise provocada pela pandemia.

De acordo com a última Pesquisa Mensal de Serviços divulgada pelo IBGE em julho, o setor de serviços prestados às famílias – que inclui bares, restaurantes e barbearias – já acumula um resultado negativo de -54,9% em comparação com o mesmo período de 2019.

Para o economista Vitor Vidal, a retomada do setor não deve ser tão rápida, por consequência as recontratações nas empresas também podem demorar.

“A população brasileira trocou serviços por bens”, ele afirma.

A mudança de hábitos da população é evidente e, para os especialistas, é preciso observar como o setor vai reagir nos próximos meses. Do lado da população ficou o aprendizado, no caso da Ida, agora ela dá até dicas de receitas.

“Aprendi fazer churrasco na panela de pressão e com carvão!”, diz ela, cheia de si.

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