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Casal modelo

Paulão, que queria harém, agora é um noveleiro

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

A vizinhança começou a comentar à boca pequena, mas o assunto logo ganhou as calçadas. O casal modelo, admirado por metade dos moradores, invejado por todos, havia se separado. E já se falava em traição ocorrida bem ali em Tambaú, na linda João Pessoa, capital da nossa Paraíba.

Filhos já criados, a caçula no último ano de engenharia, eis que o Paulão, o marido, teria se enrabichado pro lado da Ritinha, moça faceira que ganhara fama logo que se mudou para o bairro. Marta, a esposa, apesar do falatório, demorou a acreditar que o esposo estivesse de caso com aquele tipo. Ah, não o seu marido, que sempre se mostrou tão, tão, tão esposo. Levou tempo, mas a ficha caiu assim que Marta pegou os pombinhos de mãos dadas na porta do cinema.

— Ei, espera aí! Estou ficando cega ou você está com o meu marido? Paulão, não acredito! Com essa sirigaita!? Só me faltava essa!

Paulão, cara de quem estava tendo um enfarte, fico afônico, caso não fosse pelo som de cachorro ganindo saindo de sua garganta. Ritinha, peito estufado, agarrou-se ao braço do Paulão. Queria porque queria mostrar que, agora, era ela a dona daquele homem.

Apesar do palco armado, não houve discussão. Marta virou-se e foi embora, enquanto o marido até fez menção de segui-la, mas foi contido pelas mãos firmes da namorada. Não seria ela a abandonada. Que fosse aquela velha!

Não que Marta fosse idosa, diga-se de passagem. No entanto, aos olhos de quem tem 25, qualquer um que passou dos 40 já dobrou o cabo da boa esperança há tempos. Mas voltemos à história, pois fofoca curta é café com leite.

O esposo, dois dias após o flagra, tomou coragem de voltar para casa. Pobre homem, bateu com a fuça na porta. Marta, magoada e com razão, chamou o chaveiro e trocou a fechadura. Paulão tocou a campainha uma, duas, três vezes, mas ninguém atendeu. Já estava dando meia-volta quando deu de cara com a mulher.

— Meu amor, me perdoe!

— Paulão, me poupe! Vá atrás daquele rabo de saia.

— Marta, meu amor, aquilo foi um erro. Quem não erra uma vez na vida, minha querida?

— Paulão, vou te falar apenas uma vez. Nunca mais!

— Nunca mais, meu amor! Eu prometo! Nunca mais! Eu te amo! Então, você me perdoa?

— Paulão, nunca mais quero ver a sua cara!

Não pense você que isso acabou por aqui. Não mesmo! Eis que Marta, coração macio, acabou sentindo falta do marido. Pensou, pensou, pensou. Não custava nada dar uma chance pro esposo. E foi o que fez após pensar muito.

Marta telefonou para Paulão, que, eufórico, tratou logo de retornar para o lar, doce lar. Tudo parecia bem. Ritinha, é verdade, andava soltando fumaça pelas narinas. Entretanto, jovem que era, acabou voltando à rotina de saídas com amigos.

Pelas próximas semanas, lá estava aquele casal, todo pomposo, desfilando pelas calçadas do bairro. Braços dados, para que não restassem dúvidas de que aqueles dois formavam um par perfeito. Todavia, o Diabo, que não deveria estar satisfeito com aquela situação, começou a mexer com a cabeça do Paulão.

— Marta, meu amor, andei pensando.

— Diga, meu bem.

— Já reparou que o galo tem várias galinhas? Olha o leão. Ele é o rei das selvas. Pois o leão tem várias leoas.

— Hum. E o que tem isso a ver?

— Você não acha que o homem também deveria ter mais de uma mulher?

Não se sabe o que exatamente aconteceu após esse interlúdio. Pratos quebrados? Parece que não aconteceu algo desse tipo, mas dizem que sim. O certo é que o Paulão fugiu dali com um belo corte na testa. Certamente precisou de alguns pontos, mas nada que pudesse comprometer a saúde daquele cabeça-dura.

Não tardou, o homem foi atrás da Ritinha. Implorou o perdão da amada. Ela o aceitou de volta e até o acolheu em casa. Mas o Paulão, que já passou dos 50, parece que não consegue acompanhar o ritmo da moça. É que ela quer sair todas as noites com os amigos, enquanto o homem fica em casa vendo novelas.

Quanto à Marta, anda de namorico com um colega de trabalho. Ela, todavia, não quer mais saber de morar junto. Cada um no seu canto e, se sente vontade de bagunçar os lençóis, passa a noite na casa do namorado ou, então, o convida para algo especial na sua.

E por falar na Marta, vale aqui terminar com uma conversa que ela e uma amiga tiveram nesses dias.

— Marta, você acha que o Paulão é psicopata?

— Não. Ele é só cretino mesmo.

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