Poeta Desarmado

Não sei dizer
como explicar o incêndio suave
que teus lábios acenderam nos meus,
como se cada toque fosse
uma centelha de eternidade.

Tua voz, quando sussurra promessas,
é como harpa que desperta
meus versos adormecidos,
e meu coração, antes escudo,
se curva diante da tua doçura
como flor diante da chuva.

Impossível resistir,
sou rendido por teu gesto,
desarmado pelas redes invisíveis
da tua ternura que me envolve
como bruma em manhã de entrega.

E agora, justo agora,
você chega como quem não sabe
que meu peito já foi campo de batalhas,
marcado por flechas de ausência
e tempestades de desilusão.

Não sei se és milagre ou miragem,
se és resposta ou novo enigma,
mas há em ti
asas que poderiam levantar
meu coração do chão.

A verdade é esta:
estou submerso em tua essência,
navegando no mistério dos teus olhos,
respirando fundo nas profundezas da tua alma,
vivendo um amor que não se compara,
que não se mede,
que simplesmente é.

Eu te amo
com a pureza de quem se entrega,
com a coragem de quem já caiu,
com a beleza de quem ainda acredita
que o amor, quando verdadeiro,
não precisa de defesas.