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A censura

Polícia cerca site que denuncia corrupção no DF

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José Seabra - Diretor-Editor

A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou nesta sexta, 11, uma operação esdrúxula, inconsequente, desnecessária e fantasiosa. Essa excêntrica e estranha ação, de ares bizarros, teve por alvo o site De Olho no Poder. O argumento é o de que são veiculadas informações falsas, apócrifas. Na avaliação de Notibras, porém, o que pseudos poderosos brasilienses tentam mais uma vez é cercear a liberdade de expressão.

Denominada Abscôndito – o que se esconde, o que se faz clandestinamente – a operação policial fala em busca e apreensão, mas não diz de ordem de que juizado. Afirma que o site é propriedade de um criminoso que cumpre pena em uma unidade prisional fora das divisas do Distrito Federal, como se um detento, mesmo os que estão em prisão domiciliar, não tivessem capacidade de produzir e gerir seus negócios por meio de procuradores.

Se criminosos condenados fossem impedidos de gerir seus negócios, seja por quais meios, o que dizer de Luiz Estevão, ex-senador com 30 anos de prisão nas costas, e que mesmo assim vive de benesses do governo, alugando prédios suntuosos a preços astronômicos e mantendo contratos publicitários milionários do Metropoles com entes públicos? Dizer que por trás do site alvo dessa operação há um criminoso, é o mesmo que mandar fechar as portas da Odebrecht, da JBS, de bancos… e de palácios onde despacham governadores e prefeitos.

Em nota à imprensa, a Polícia Civil sustenta que De Olho no Poder promove crimes virtuais, ao noticiar supostas ações de corrupção no poder público. E acrescenta que políticos e dirigentes de empresas do Estado, presumivelmente indignados com denúncias de corrupção, pediram providências à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos.

O comunicado policial cita o nome de Rafael Guimarães como responsável pelo site. E apresenta links de matérias veiculadas pelo De Olho no Poder, numa tentativa de provar que os textos jornalísticos são falsos. Nesses links o leitor fica sabendo quem são os denunciados – mas a própria polícia evita divulgar os nomes dos queixosos.

Notibras acompanha e respeita o trabalho profissional do site agora perseguido. E teme um novo modus operandi de censura, na vã tentativa de calar vozes verdadeiras. E em respeito ao direito de bem informar, coloca sua equipe de profissionais e colaboradores à disposição dos colegas do De Olho no Poder, para que a verdade seja dita. E que corruptos, se existirem, sejam punidos.

P/s – É estranho que até a edição deste texto, a Associação Brasileira de Imprensa, a Federação Nacional dos Jornalistas e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal não tenham se manifestado condenando mais uma ação grotesca contra a liberdade de expressão.

 

 

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