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Paraíso desfolhado

Primo pobre do Buriti, Plano Piloto vive ao Deus dará

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Autor/Imagem:
Ana Beatriz Vasconcellos* - Foto de Arquivo

Quem não conhece Brasília costuma se referir à cidade como ilha da fantasia. Ao Plano Piloto, então, cabe a visão de local privilegiado, uma vez que a sua renda per capita ocupa repetidamente a terceira posição entre as regiões administrativas do Distrito Federal.

Um olhar mais profundo consegue enxergar que nem tudo são flores no paraíso. A prestação de serviços públicos de manutenção das áreas verdes, de calçamento, de iluminação e segurança não acompanham essa realidade. É preciso intensa mobilização dos moradores e suas associações para acessar muitos dos serviços básicos que a região requer.

A SQS 204 foi inaugurada na década de 70 e sua Associação de Moradores (Prefeitura Comunitária) criada na mesma década, seguindo o espirito solidário e empreendedor da capital. No entanto, ao longo dos últimos anos, vem se deparando com a dificuldade de acessar republicanamente os serviços de manutenção necessários e obrigatórios do GDF.

As calçadas ainda são as mesmas de 1970. O resultado não pode ser outro: estão quebradas e moradores acidentados com tombos e quedas, dependendo de cuidados médicos e de reabilitação. Os casos não são poucos na Asa Sul.

A iluminação pública é quase a mesma de 50 anos atrás. Em 2020, a promessa de que o Distrito Federal teria iluminação de Led completa em dois anos, criou expectativa positiva entre os moradores da nossa quadra. Isso não aconteceu e as inúmeras solicitações da Prefeitura, no canal de Ouvidoria do DF, ficam sem resposta satisfatória.

A responsabilidade pelo lixo nas áreas comerciais das Quadras permanece um problema. Embora a Lei nº 5.610/16 obrigue os grandes geradores a gerenciarem os próprios resíduos, ou seja, eles são responsáveis pelo acondicionamento adequado, coleta, transporte e disposição final dos resíduos sólidos, a falta de fiscalização e um sistema de multas eficiente resulta em uma situação caótica.

O serviço de podas e coleta de lixo verde é outro desafio que vem sendo enfrentado. Além da falta de um calendário definido com relação ao serviço, a ausência de comunicação ágil com a Novacap, a prefeitura constantemente é acionada por moradores para realização de tarefas que não estão sob sua competência.

Soma-se a isso a preocupação com a ocupação das áreas comerciais e das construções nas Entre Quadras da Asa Sul e Asa Norte. Recentemente, foi necessária grande mobilização das Prefeituras e dos Conselhos Comunitários, para tornar sem feito a Audiência Pública que pretendia aprovar o PPCUB. Isso porque, o projeto apresentado pelo GDF, apresentava riscos para a ocupação das áreas do Plano Piloto, expandindo edificações que não são de interesse direto dos moradores.

São inúmeros os vazios do GDF e da Administração do Plano Piloto com relação às demandas dos moradores, seja individualmente, seja por meio de suas associações. Há muito a fazer para que esse diálogo seja reestabelecido e que se alcance um plano de manutenção e revitalização transparente, com metas e calendários possíveis de serem aferidos e cobrados pela população.

*Prefeita Comunitária da 204 Sul

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