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Bola pra frente

Publicidade sofre com Covid, mas não é o fim do mundo

Publicado

Autor/Imagem:
Lys Andrade

O ano é 2020. O momento é de alegria nas ruas brasileiras, pois é Carnaval. Enquanto isso, alguns líderes políticos se viam atolados em duas frentes das quais não se desvencilharam até hoje — coronavírus na China e derrocada da economia global. Seria questão de tempo até os dois problemões aterrissarem em solo brasileiro.

‘Convenientemente após o carnaval’, eles aterrissaram com toda a fama de terem arrasado os locais por onde passaram. Os dois nomes, coronavírus e crise, então, passaram a dominar a psiquê da população e dos empresários brasileiros. Este último grupo, responsável por grande fatia da empregabilidade nacional.

“Eu tenho cinco hamburguerias, uma no centro de Brasília e outras em cidades satélites, emprego 35 pessoas. Antes de pensar em demitir, eu repensei meu negócio e passei a atender de modo online e por telefone. Quem me deu os caminhos foi a empresa de marketing que trabalha com a minha hamburgueria desde o início”, diz o empresário Elon Mesquita.

Segundo relato da jornalista e publicitária Rebeca Seabra, CEO da holding R+W Capital, a maioria dos empresários caminha pelo mesmo percurso trilhado por Mesquista. “Ou pensam de modo calmo ou pensam rápido sobre quando fecharão suas portas”, diz Rebeca.

Filha e neta de jornalistas, a empresária Rebeca Seabra construiu uma carreira também na publicidade, no aspecto comercial. Veio daí seu olhar aguçado para vendas por meio da comunicação. Hoje ela detém uma holding que conta com quatro empresas, entre elas uma agência de publicidade. Ligada ao dia a dia da comunicação mundial e ao processo de evolução da crise econômica que se abateu sobre o mundo, a empresária deu entrevista sobre o assunto.

Na conversa, Rebeca Seabra aborda a mudança radical que a publicidade deve encarar nos próximos meses, as lições que o mundo pode tirar para a vida pós-pandemia e como a publicidade pode ajudar os negócios a continuarem ativos para seus consumidores.

Confira dados a seguir:

Essa é a hora dos empresários pararem de comunicar ou continuarem com suas comunicações?
Nem um, nem outro. É hora dos empresários re-repensarem suas estratégias de vendas. Não dá para comunicar ofertas e descontos vazios em plena crise. Não é momento de aparecer vestido de vendedor, é momento de informar. Não é o momento de persuadir público, é momento de prestar serviços a este público, de se mostrar parceiro e confiável. Seguindo essa receita, as empresas certamente se enquadrarão naquele estudo da Kantar, de que marcas que anunciam em momentos de crise crescem cinco vezes mais do que as outras.

Se não dá para vender, o que fazer?
Dá para vender, sim. O importante é vender o que e como. Informe, conscientize, seja parceiro do seu cliente – nunca seja aquele vendedor de gel no cabelo e pastinha à tira colo. Faça sua empresa ter uma comunicação bem-humorada (não palhaça). Do mesmo modo que as pessoas optam por conviver com pessoas bem-humoradas, clientes preferem consumir, serviços ou produtos, de empresas bem-humoradas. A régua hoje é o comportamento humano.

A publicidade das empresas está mais séria e menos humanizada?
Sim. Do meu ponto de vista de profissional do ramo e de consumidora de produtos e serviços, sim. Grandes ideias de comunicação precisam voltar a estar presente na conversa entre anunciante a agência. Apenas essas grande ideias são capazes de encantar e seduzir públicos. Pense um minuto… Skol era cerveja para a classes c, d, e, sem apelo, adicionou-se o desce redondo e a share aumentou. Havaianas são apenas pedaços de borracha com uma marca em cima. Adicionou-se um desejo da classe média pelo produto em campanhas de comunicação muito inteligentes e temos a Havaianas que temos hoje. Sem grandes ideias que humanizam as marcas e dialogam com seus públicos de igual para igual, não vai rolar. Isso gera, por consequência, os resultados que provocam satisfação e orgulho quando mensurados. O Data, os números, as métricas se movem entorno disso.

Mas os empresários parecem estar com medo. Concorda?
Estamos todos apreensivos, mas não dá para deixar de se reinventar. Basta ver a atuação de algumas empresas. Fabricantes de carros elétricos na China dispararam em vendas e produção de novos automóveis. O motivo: os chineses estão mais receosos de usar transporte de aglomerações. Sem contar o benefício para o meio ambiente. Outro exemplo, a Amazon, do Jeff Bezos, disparou em vendas online. A empresa já vale mais de US$ 1,1 trilhão, isso em plena crise. Este setor, de vendas online, por exemplo, foi turbinado. As compras online crescem 18,5%. Ou seja, ou os empresários re-repensam seus negócios e como ele será daqui para frente, ou eles sairão de cena. E a comunicação é um cérebro para isso.

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