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Conforto no repouso

Quartos se apresentam como novo luxo da casa

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Autor/Imagem:
Marcelo Lima

Em 1929, o arquiteto alemão Ludwig Mies van der Rohe concebe aquele que seria considerado um dos marcos da arquitetura moderna internacional: o Pavilhão Alemão na feira mundial de Barcelona. Um edifício audacioso, caracterizado pelo uso contrastante de materiais tradicionais como o mármore, e outros, à época inovadores, como os panos de vidro e o aço.

Por meio de um traçado horizontal e marcante, Mies propunha interiores favoráveis à permeabilidade com o ambiente externo; no qual uma parede de mármore, mergulhada em um espelho d’água, servia de pano de fundo para o banho de uma figura feminina, a escultura Alba, do escultor alemão Georg Kolbe, que no projeto ocupa posição referencial.

Quase um século depois, eis que o arquiteto brasileiro Leo Shehtman em a Casa do Fauno, seu ambiente na Casacor 2019, resolve repetir a receita do mestre alemão. Desta vez em uma residência de 144 m², com ambientes que se ligam, intimamente, aos preceitos de simplicidade e clareza propostos por Mies. Ainda que a partir de uma abordagem particular de luxo.

Outrora estabelecido em torno de materiais tradicionais e inovadores, nos interiores propostos por Leo, o contraste parece se dar em torno de peças de época e contemporâneas. Entre móveis de linhas bem definidas e pequenos objetos ligados à memória afetiva, que exigem observação lenta e minuciosa. Por meio de peças artesanais, mas também de alto design. “Me surpreendeu o equilíbrio alcançado por ele neste trabalho. É o mesmo Leo, criativo e exuberante, só que em versão mais requintada”, considerou a jurada, e consultora de moda e estilo, Helena Montanarini.

“Inovar é minha preocupação permanente. Em síntese, pretendi mostrar que revestir paredes com mármore e latão não necessariamente produz um resultado careta e pretensioso”, comenta o arquiteto que este ano comemora sua 32ª participação na Casacor. “Só estive ausente por uma edição”, recorda ele.

Ao contrário da obra-prima de Mies, no entanto, é um fauno, mais especificamente, um Fauno Barberini – ser híbrido entre o humano e o animal – a escultura que parece se deleitar sobre o leito aquático que percorre toda a casa. E o faz justamente no quarto. Espaço eleito como o melhor de sua categoria no Prêmio Casa 2019. “O interessante é que a escultura foi a última peça que entrou, após toda a concepção do projeto. Hoje ela parece tão à vontade. Parece que nunca saiu de lá”, brinca o arquiteto.

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