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Do Céu ao Inferno

Rapaz separado cruza com ‘gata’ que era GP

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Luzia Campos

Há pouco, aquele homem havia se separado. Aliás, a ex-esposa não o queria mais e, então, ele acabou se mudando para um pequeno apartamento. Cabisbaixo, cismava em se olhar no espelho, onde só enxergava um maltrapilho ao fundo. Não que fosse muito feio, até que tinha um rosto agradável, o corpo relativamente em forma. Era todo tristeza!

Às vezes, evitava o elevador, a despeito de morar no nono andar. Preferia ir pelas escadas, onde as chances de se esbarrar com alguém eram bem menores, quase ínfimas. Já bastava o olhar do zelador quando ele entrava pela portaria do edifício. “Ele sabe que levei um baita pontapé no traseiro!”, pensava.

Todas as manhãs, o gajo saía cedo de casa, caminhava até o ponto de ônibus, onde quase sempre encontrava um colega de trabalho. De tanto conversarem, os dois se tornaram amigos. Conversavam durante o trajeto, tanto de ida, como de volta do emprego.

O amigo falava mais, apesar de não gostar de acordar àquela hora da manhã, quando normalmente o humor não era dos melhores. Já no retorno, parecia mais animado, pois gostava de ir para algum barzinho ali mesmo. Sempre chamava o abandonado pela ex-mulher, que todas as vezes declinava do convite.

Pouco antes das 6 h, lá estava o moribundo saindo de casa para iniciar a sua rotina, quando, de repente, a porta do elevador se abre. Uma mulher deslumbrante surge à sua frente. Ela sorri e diz: “Bom dia, bonitão!” Ele a cumprimenta com um sorriso. Ela lhe pergunta se ele mora ali. Ele apenas aponta para a porta ao fundo do corredor. “Hum, é bom saber!” Ela abre a porta quase ao lado da dele e desaparece.

Ele entra no elevador, ainda surpreso pelo ocorrido, leva um tempo para apertar o botão da portaria. Finalmente, após tantos dias, tantos meses, parece que seu coração voltou a bombear aquele sangue amargurado. Seu corpo está vivo novamente. “Que mulher!!!”, ele diz quase alto.

Lá estava o amigo entrando no ônibus. Ele corre e consegue também entrar. Sentam-se um ao lado do outro bem ao fundo. O amigo nota o seu rosto agora todo sorriso.

– O que houve? Foi picado pela mosquinha azul da felicidade?

– Cara, você não vai nem acreditar!

– Desembucha logo!

– Quando eu estava saindo de casa, a minha vizinha saiu do elevador e ficou dando em cima de mim. A maior gata!!!

– Por acaso ela estava de saia?

– Tava!

– O rosto pintado?

– Sim! Uma maquiagem linda!

– E ela estava chegando em casa?

– Sim!

– Hum! Uma mulher bonita, de saia, toda maquiada, chegando a essa hora da manhã em casa…

Não foi preciso mais nada para que o homem percebesse o que o amigo queria dizer.

– Poxa, você é um destruidor de sonhos!

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