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Companheirismo e solidariedade

Reeleição seria a pior piada no país das anedotas

Publicado

Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo

A maior tristeza de um povo é quando o governo que ele escolheu pelo voto direto e soberano vira caso de polícia. Para os que apostaram no sucesso do país, é o fim do mundo, a beira do abismo, um caminho sem volta. Tristeza maior, no entanto, é um governante de oportunidade virar piada mundial. Pior ainda é a nação, outrora celeiro do mundo, se transformar do dia para noite em poleiro de aves de agouro. É a situação do Brasil de hoje. Embora também eleito por maioria de votos, o mandatário em questão não se assume como ser humano imperfeito como todos os seus semelhantes, inclusive o principal oponente na corrida eleitoral.

Ele ainda não é formalmente caso de polícia, mas, lamentavelmente, vivemos uma quadra administrativa e politicamente pendular, isto é, de sobe e desce nas formas de pensar, agir e comandar. Para a maioria dos brasileiros, extemporaneamente denominados eleitores, falta descobrir se somos governados por um cordeiro enviado por Deus ou por um discípulo vivo de “Trumputin”, junção dos nomes de dois velhos conhecidos dos que abominam tirania. Interessante é a convergência do aprendizado recebido de um e de outro. Aparentemente inimigos mortais, ambos têm sede de poder, não admitem contrariedades, se imaginam ungidos, estão certos de que são acima do bem do mal e culpam quem estiver à frente, especialmente a imprensa, por falhas que nunca cometem. Qualquer semelhança é mera coincidência.

Realmente lamentável a perseguição sofrida por esses “líderes”. Faço minhas as palavras de um certo capitão Siqueira Filho, cujo meme me chamou a atenção. “Agora só falta a imprensa querer ligar o agora ex-ministro da Educação do Bolsonaro ao Bolsonaro. Isso só porque vazou um áudio do ex-ministro da Educação do Bolsonaro dizendo que, por meio do Ministério da Educação do Bolsonaro, favorecia pastores, a mando do Bolsonaro”. É uma imperdoável ilação. Falando sério, pelo menos nos quesitos solidariedade e companheirismo ninguém tem uma vírgula para acrescentar ou tirar do discurso do presidente.

Em tese, o ex-ministro deixou o governo por desejo próprio. O tempo que ficou não mereceu uma linha, sequer uma palavra, de repúdio do chefe supremo. Claro que esse perfil solidário é o que se espera de todos os homens religiosos, independentemente da crença que professe. No modo divindade de ser, Bolsonaro ainda não deixou claro a que segmento da fé está vinculado. Na maioria das vezes, principalmente quando se posiciona ao lado da dona patroa, aparenta ser evangélico de fim de semana ou de reuniões fortuitas. Entretanto, pela quantidade de funcionários fantasmas que emprega ou empregou, muita gente acha que ele verdadeiramente é espírita.

E ninguém diz isso como piada de mau gosto, sobretudo porque, ainda que temporariamente, boa parte dos críticos é grata ao presidente Jair Messias. A razão também não é anedótica. Graças à sua obra econômica, este ano pais, mães, tios, padrinhos e afins não terão de gastar horrores com os chocolates travestidos de coelhinhos da Páscoa. Soube que, por conta do preço das cenouras (R$ 13,00 o quilo), os mimosos mamíferos lagomorfos da família dos leporídeos estão morrendo de inanição. Por tudo isso, parece que o atual governo é feito exclusivamente de anedotas. Tomara que, no fim e ao cabo, eu esteja enganado.

De qualquer maneira, a piada pior seria a reeleição, instrumento mal utilizado por aqueles que amam o poder. Eleitor das antigas, daqueles que avermelha, mas não anula ou embranquece o voto, estou à espera de um milagre: o surgimento de um candidato que me fale ao coração. Considerando o carisma, a oratória e o ímpeto sexual, por enquanto minha preferência é ter o mendigo de Planaltina, no Distrito Federal, na Presidência. Aceito até Moro como vice-presidente, desde que ele (o mendigo) surja candidato pelo Phodemos.

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