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Namoradinha (também) da Cultura

Regina estreia com nova direção na Esplanada

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Autor/Imagem:
Ka Ferriche

Há 55 anos Regina Duarte fez sua estreia profissional na arte de atuar. Anunciada como uma espécie de trainee para a Secretaria de Cultura, subordinada ao Ministério da Cidadania, a Namoradinha do Brasil, como ficou conhecida, já enfrenta a artilharia da tribo vermelha de artistas, que não apresenta sugestões claras de melhoramentos para a pasta, mas apenas atacam o posicionamento político da atriz, que nunca negou ser bolsonarista desde criancinha.

O grupo contrário à indicação da celebridade traz a verborragia tradicional com viés exclusivamente ideológico. Um velho patrulhamento falido e, hoje, cínico.

]Lula, durante sua desastrosa passagem pelo Palácio do Planalto, nomeou Gilberto Gil para, à época, chefiar o Ministério da Cultura. O cantor baiano chegou com alguma experiência em sombra e água fresca, após ter ocupado uma cadeira como vereador em Salvador. Quando chegou ao Governo Federal, a reação de parte dos intelectuais não foi diferente com ele.

Durante sua gestão, celebridades como Ferreira Gullar, João Ubaldo Ribeiro, Arnaldo Jabor, Paulo Autran, Marco Nanini e até Oscar Niemeyer, criticaram, bateram sem dó no filho de Gandhi. Ainda assim, ele permaneceu na Esplanada dos Ministérios por cinco anos e a cultura não mudou nada.

Existem alguns pontos sensíveis que exigem modificações e o mais comentado é a Lei Rouanet, sistema acusado de contemplar apenas os amigos dos amigos nas últimas décadas, que carcomeram dinheiro público para produzir muito lixo cultural.

Outro é o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição – ECAD, criado por uma lei federal em 1973, mas de caráter privado. Entretanto, é atribuição da Secretaria de Cultura do Governo Federal supervisionar o pagamento dos direitos autorais dos artistas e compositores que vivem reclamando dos repasses.

O ECAD recebe pela execução das obras musicais em todos os meios de difusão: rádio, TV, cinema, shows, eventos, bares, carros de som, bicicletas sonorizadas. Assoviou, tem que pagar. Em 2019 quase 1 bilhão de reais entrou para os cofres da entidade. Não é pouca coisa. Muitos músicos e seus herdeiros afirmam que o ECAD é uma caixa preta.

A bronca é antiga. Mas nada disso é considerado quando a discussão é meramente dirigida de forma corporativa por uma tribo que sempre viveu das tetas do Estado. Entre eles, muitos sem qualquer talento ou em decadência.

Aqueles que criticam o nome de Regina Duarte – que esteve recolhida quando a farra da Rouanet era comandada por essa mesma tribo panfletária – não surgem com ideias propositivas. Querem que tudo fique como na era do desmando, da pilhagem, do assalto promovido pelos esquerdopatas.

Se Regina Duarte tem capacidade para ocupar um cargo onde o set é a vida real, o ambiente não é cenográfico, ela é quem vai ter que provar. O desafio é grande. Seus antecessores talvez não tenham entendido exatamente isso e continuaram atuando enquanto estiveram lá, encarnaram papeis de politicamente correto para a restrita turminha da estrela, mas com intenções fora do roteiro republicano.

É necessário aceitar que agora o espetáculo tem outra protagonista. Nem assistimos ao primeiro ato para aplaudir e já tem gente vaiando. São os mesmos de sempre, dirigidos pelo maior ator de todos os tempos, que dizimou a cultura nacional, arrebentou a literatura, escrachou o pensamento e a formação das novas gerações com a peça que pregou ao Brasil.

Como bandido insuperável, que viu surgir a luz do palco há 75 anos no agreste pernambucano, deve doer saber que haverá uma mocinha, a partir de agora, tomando conta da cena no antigo teatro que ele deixou em sucata.

Para Regina, por enquanto, merda!

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