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Risco de abandono ambiental ameaça saúde de todo mundo

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Gio Awar, Especial para Notibras

“Produção, Consumo e Poluição” é o tema de abre alas que especialistas do Brasil e do exterior começam a debater, a partir desta terça, 6, na Conferência da Terra – Fórum Internacional do Meio Ambiente, que se estenderá até o sábado, 10, em João Pessoa, Paraíba.

Em sua 7ª edição o evento contará com 800 participantes, que devem apresentar cerca de 500 trabalhos técnico-científicos como subsídio do pensamento, ações e políticas apara o setor ambiental.

Entre os eixos temáticos constam “Vulnerabilidades, Riscos e Desastres Ambientais”, “Políticas Públicas, Projetos e Ações”, “Cidadania, Legislação e Direito Ambiental”, “Planejamento e Gestão de Áreas Protegidas”, “Produção Rural e Segurança Alimentar”.

Ar e água – Atualmente a poluição do ar compromete a saúde de 1,49 bilhão de pessoas e 480 mil quilômetros das costas litorâneas estão contaminados. Estima-se em 1 bilhão 600 milhões de dólares o dinheiro necessário para custear pesquisas, desenvolvimento e programas inovadores para acabar com a poluição.

As perdas para o bem-estar são calculadas em mais de 4,6 trilhões de dólares ao ano, o equivalente a 6,2% da produção econômica global. Os cientistas estão preocupados.
Resta saber quais são os limites da poluição e qual o espaço ainda disponível no planeta para que a vida, em todas as suas formas, siga o seu curso.

Raposa e uvas – Como desdobramento da última eleição presidencial, tendo o presidente eleito Jair Bolsonaro anunciado a fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, surgiu uma polêmica nacional sobre a pertinência do remanejamento ministerial unindo pastas antagônicas e incompatíveis, por princípios ideológicos, orçamentários e operacionais.

Neste ano o orçamento do Ministério do Meio Ambiente despencou de R$ 3,97 bilhões para R$ 3,48 bilhões, acusando uma redução de R$ 480,5 milhões, em relação ao ano passado.

No entendimento de pesquisadores, esse valor é insignificante, quando se destina a proteger 20% do território nacional, contendo milhares de ecossistemas reunidos em centenas de unidades de conservação, que necessitam de recursos para garantir as funções ecológicas, administrativas e de fiscalização dos monumentos naturais, mananciais hídricos e da biodiversidade.

O Ministério da Agricultura, o primo rico, por sua vez, tem o seu orçamento de 2018 massageado pela liberação de R$27,41 bilhões. Esse numerário equivale a quase 10 vezes o orçamento para a proteção e preservação ambiental. Em outras palavras, a fronteira agrícola brasileira avança de forma avassaladora sobre as fronteiras do ar, da água, dos solos, da biodiversidade e das sociedades humanas.

Os cientistas advertem que o poder destrutivo do agronegócio avança sem pudor destruindo árvores, revolvendo solos, poluindo os rios e contaminando as pessoas, com uso de inseticidas, pesticidas e outros organoclorados de igual magnitude destruidora. Desde 2008, o Brasil ocupa a primeira colocação de maior consumidor de organoclorados do mundo, alcançando a marca de 1 milhão de toneladas aplicadas nos campos, correspondendo a uma média per capita anual de 5,2 kg, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Ao longo desse período, alertas foram divulgados sobre os efeitos dos agrotóxicos na saúde dos consumidores e trabalhadores que manuseiam o veneno. Em abril de 2015, o INCA publicou um alerta sobre os riscos dos agrotóxicos à saúde, em especial por sua relação com o desenvolvimento de carcinomas.

O documento assegura que “dentre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos de agrotóxicos podem ser citados, além do câncer, infertilidade, impotência, abortos, malformações fetais, neurotoxicidade, desregulação hormonal e efeitos sobre o sistema imunológico”.

Comida tóxica – A cadeia de toxidez está presente na dieta alimentar dos consumidores brasileiros, pois, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -ANVISA, 64% dos alimentos no País estão contaminados. Provas laboratoriais comprovam a contaminação de cereais, frutas e legumes, como feijão, milho, arroz, uva, mamão, tomate, cenoura, contidos numa lista interminável de alimentos, inclusive carne bovina, aves e peixes.

Como agravante, sublinham os especialistas, os agrotóxicos geram um passivo ambiental de larga escala. Os solos tornam-se inférteis, pela contaminação e morte de microorganismos e insetos que geram, revolvem e incorporam matéria orgânica ao solo. As águas poluídas e contaminadas acentuam a incidência de doenças endêmicas e epidêmicas, além de males da pele, sanguíneos e digestivos.

A verdade, segundo entendimento geral dos participantes da Conferência da Terra, é que quando a cobertura vegetal original é removida, a biodiversidade é destruída e, junto com ela, animais representativos da fauna local, como insetos, pássaros, aves, lagartos e mamíferos, disseminadores de sementes e essenciais na produção rural que os elimina.

O que se percebe é um investimento massivo no agronegócio no Brasil, mesmo com graves implicações na saúde da população. As pessoas adoecem ao ingerir alimentos envenenados em razão do uso indiscriminado de agrotóxicos no País, em detrimento da agricultura familiar e especialmente da produção agroecológica.

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