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Rússia e Argentina, uma nova estratégia para a integração

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A Rússia e a Argentina começaram a discutir a possibilidade de realizar pagamentos em moedas nacionais. Ao mesmo tempo, os países planejam aumentar comércio bilateral.

No próximo ano, a balança comercial entre a Rússia e a Argentina poderá crescer US$ 1 bilhão e atingir até US$ 3 bilhões.

A declaração foi feita pelo diretor do Rosselkhoznadzor (Serviço Federal Russo de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária), Serguêi Dankvert, em 19 de setembro, na última reunião da Comissão Intergovernamental Rússia-Argentina.

O encontro foi realizado sob condições difíceis para ambos os países: a Argentina sofreu um default técnico e a Rússia fechou o seu mercado para os fornecedores dos Estados Unidos e da União Europeia por causa das sanções desses países.

Na semana passada, o Ministério do Desenvolvimento Econômico da Rússia publicou os resultados das negociações bilaterais realizadas entre o vice-diretor do Rosselkhoznadzor, Aleksêi Likhatchov, e o representante do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, Carlos Bianco.

A Argentina apoiou a decisão de realizar os pagamentos de produtos alimentícios em moedas nacionais. Para continuar o desenvolvimento de projetos de cooperação bilateral, as duas partes decidiram criar um Plano de Ação Comum.

Além da Argentina, os bancos chineses e turcos também preferem usar moedas nacionais nas transações comerciais.

De acordo com o analista financeiro da Lionstone Investment Services Serguêi Ieriómenko, Moscou e Buenos Aires estão interessados ​​em uma alternativa para as transações de seus produtos devido à situação internacional. Em julho, a Argentina sofreu um default técnico causado pela incapacidade de pagar as dívidas. Já os EUA e a UE ameaçam excluir a Rússia do sistema de pagamentos bancários internacional SWIFT. Além disso, o pagamentos poderão ser congelados caso passarem por bancos americanos.

De acordo com o diretor-geral da empresa FOC, Vitáli Derbedenev, do ponto de vista técnico, é muito fácil criar um sistema de pagamento em moeda nacional. “É preciso simplesmente decidir que bancos (russos ou argentinos) vão realizar operações de pagamento e, depois disso, abrir contas em moedas nacionais”, diz.

“A conversão de peso argentino para rublo e vice-versa causará certos problemas. No entanto, os bancos poderão resolvê-los sem ajuda do Estado, realizando, por exemplo, parte de pagamentos em dólares americanos. Mais tarde, os países poderão realizar transações rublo-peso nas bolsas russas e argentinas”, diz Derbedenev.

No entanto, segundo Derbedenev, devido ao pequeno volume de negócios entre a Argentina e a Rússia, as transações diretas se tornarão relevantes apenas no longo prazo.

De acordo com o diretor-geral da agência Rus-Rating, Aleksandr Ovtchínnikov, a Argentina está buscando soluções alternativas nas transações comerciais devido à difícil situação econômica no país. Vários bancos russos já assinaram acordos com o maior banco estatal argentino, Banco de Investimento e Comércio Exterior (BICE).

“Apesar disso, do ponto de vista técnico, é difícil realizar todos os pagamentos em moeda nacional sem perdas para ambas as partes. É necessário criar um sistema de cobertura de risco cambial (acordos de swap cambial), determinar o funcionamento das operações de câmbio etc. No entanto, com o desejo mútuo e vontade política, tudo isso é possível”, completou Ovtchínnikov.

A parte russa declarou que poderia aumentar a importação de alimentos da Argentina para até US$ 500 milhões por ano. A Argentina começou a diversificar suas exportações agrícolas para a Rússia antes da introdução do embargo sobre os produtos alimentícios americanos e europeus. Em primeiro lugar, Buenos Aires aumentou as exportações de peixes, frutos do mar, queijo e manteiga para a Rússia.

“Planejamos aumentar as encomendas, precisaremos principalmente de leite e queijo”, disse Dankvert.

A reunião da Comissão Intergovernamental não se limitou ao comércio agrícola. De acordo com Bianco, a colaboração entre os dois países se estende a uma ampla gama de projetos.

“Por exemplo, a empresa russa Silovie Machíni vai fornecer turbinas à Argentina, a Rosatom tem a intenção de construir uma usina nuclear e a Inter RAO ganhou a licitação para a construção de uma barragem junto com uma empresa norte-americana”, disse.

O Rosselkhoznadzor já recebeu a lista de novas empresas que querem aumentar as exportações para a Rússia e planeja realizar uma inspeção fitossanitária de seus produtos em conformidade com a legislação da União Aduaneira.

Víktor Kuzmin, Gazeta Russa

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