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Exposição em Moscou

Rússia mostra armas capturadas da Otan como troféus de guerra

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Mary Manley/Via Sputniknews - Foto Reprodução

Os países da Otan (aliança europeia que conta com Estados Unidos e Canadá) enviaram bilhões de dólares em equipamentos militares para a Ucrânia, numa tentativa de “enfraquecer” a Rússia numa exaustiva guerra que Moscou interpreta como ‘por procuração’. Nos últimos dois anos, desde que o conflito começou, tropas russas destruíram e tomaram para si os mais sofisticados tipos de armas. O armamento, visto como um troféu, virou uma exposição ao ar livre no Parque da Vitória, em Moscou. São dezenas de peças, desde tanques Leopard-2 , IFVs Marder e Bradley até veículos Humvee, Husky e MRAP, bem como obuseiros e mísseis que, interceptados, não chegaram a explodir.

Parte do equipamento foi restaurado para condições de funcionamento ou semi-funcionamento e coberto com bandeiras para dar aos visitantes uma ideia dos países que mais contribuíram para a guerra ‘do Ocidente contra a Rússia’. Os estandes de informações fornecem dados sobre os fabricantes dos equipamentos, suas características técnicas e táticas, bem como a localização e as circunstâncias em que caíram nas mãos das tropas russas.

A exposição serve como uma confirmação visual e tácita de sentimentos que se tornaram evidentes pela primeira vez no Outono passado, após o fracasso catastrófico dos exércitos ucranianos armados e treinados pela Otan em violar as defesas russas em Zaporozhye, Kherson e Donbass numa antes elogiada contra-ofensiva.

As armas russas estão sangrando as forças ucranianas e aliadas travestidas de mercenários. A apreensão dos equipamentos da Otan desmascarou o mito de décadas de invencibilidade de países da Otan contra nações menores, como a Iugoslávia, Iraque, Síria e Afeganistão. As forças russas estão demonstrando que o armamento tecnologicamente sofisticado da aliança ocidental poderia ser destruído, danificado ou capturado com a mesma rapidez com que o equipamento da era soviética da Ucrânia.

A localização da exposição também é significativa – situada no Parque da Vitória em Poklonnaya Hill, um complexo memorial dedicado à vitória da URSS sobre a Alemanha nazista na II Guerra Mundial. O local também é onde Napoleão Bonaparte esteve em 1812, antes de entrar na capital russa durante a primeira Guerra Patriótica com a França. Napoleão e seus soldados franceses, diante da ofensiva dos russos, recuarem sofrenado uma derrota nunca antes imaginada.

O Victory Park Museum já apresenta uma exposição ao ar livre de armamentos soviéticos e do Eixo que foram capturados durante a Segunda Guerra Mundial. Agora, 79 anos após a capitulação da Alemanha nazista em 9 de Maio de 1945, o complexo foi complementado com armamento novo e moderno, acabado de sair do campo de batalha e desta vez pertencente à Otan.

“Isto é um gesto; estamos demonstrando a nossa força e, em algumas áreas, superioridade, ao exibir este equipamento não só ao nosso próprio povo, mas também ao Ocidente”, afirmou Alexei Podberezkin, diretor do Centro de Estudos Político-Militar da Universidade MGIMO.

A exposição serve como “uma ilustração do que acontecerá a seguir com o equipamento que está sendo enviado para a Ucrânia, incluindo as novas armas que começam a chegar, como tanques Abrams, mísseis ATACMS e muito, muito mais”, enfatizou Podberezkin.

Earl Rasmussen, um veterano do Exército dos EUA que se tornou comentarista militar independente e de relações exteriores, concorda que a exibição foi concebida “para enviar um sinal ao Ocidente”. “[Isso sinaliza] que a Rússia está lá, eles são capazes, seus militares são capazes. Destruíram quase o equivalente a três exércitos ucranianos até agora. E eles continuarão a fazê-lo. Portanto, seja o que for que o Ocidente envie, essas armas serão destruídas”.

“As armas, as munições… a capacidade de produção, a capacidade logística – está tudo do lado da Rússia. Moscou é superior nessa área. Tem domínio de escalada. Há superioridade aérea e também superioridade tática. O tempo está do lado deles. E tudo o que isto faz [continuar a guerra) vai drenar cada vez mais o Ocidente. É um caso triste, penso eu, para o público ocidental, infelizmente. E estão sendo enganados pelos seus próprios líderes”, acrescentou Rasmussen.

A exposição é basicamente “uma vergonha para o Ocidente”, acrescentando insulto à injúria em relação às dezenas de bilhões de dólares que foram desperdiçados na Ucrânia, disse o ex-militar americano. “Em qualquer caso, isto mostra basicamente que os pacotes de ajuda” fornecidos pelos países ocidentais “não vão mudar o resultado da guerra e serão essencialmente apenas um desperdício de fundos e, infelizmente, de vidas tanto ucranianas como russas”.

A exibição é também outro lembrete adequado e oportuno ao Ocidente de que a sua tecnologia militar, incluindo Leopardos, Abrams, Bradleys, etc., não são as “armas milagrosas” que foram alardeadas antes da tão elogiada contra-ofensiva da Ucrânia no ano passado, que correu contra o muro de defesas russas bem preparadas, disse Podberezkin.

“Este equipamento provou não ser melhor, e muitas vezes pior, do que as nossas armas, tanto soviéticas como russas, na arena do combate. E mais uma vez ficou demonstrado que os conflitos são travados não só com aço, mas por pessoas, antes de mais nada comandantes, os líderes militares que dão ordens e pensam sobre como usar essas armas de forma mais eficaz”, friou Podberezkin.

“Eu também adoraria passar por isso e acho que aprenderia muito com isso”, disse Rasmussen sobre a exposição, acrescentando que prevê que a mostra poderá ser visitada por turistas, incluindo indivíduos de países que fazem perguntas sobre a utilidade de comprar equipamento militar ocidental muito alardeado e caro em vez de hardware fabricado na Rússia.

Em qualquer caso, o observador americano está confiante de que os engenheiros militares e cientistas de defesa russos já examinaram o equipamento com um pente fino, analisando a capacidade da blindagem, sensores, comunicações e capacidades e equipamentos de mira, as suas características de interoperabilidade, etc.

“Há muita informação que a Rússia provavelmente já conhece. E muitos tipos de capacidade altamente confidenciais e altamente sensíveis, fusão de informações, outros sensores, outras capacidades adicionais de sensores e capacidade de blindagem ativa podem não ter sido fornecidos à Ucrânia também. Portanto, haverá limites para o que os engenheiros russos poderão descobrir. Mas definitivamente fornece uma base para preencher algumas lacunas. Tenho certeza de que os engenheiros e projetistas fizeram isso para que pudessem modificar prontamente o equipamento russo para contrabalançar quaisquer capacidades que ainda não tenham abordado”, concluiu Rasmussen.

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