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Sai-não-sai de Vélez deixa Educação ainda pior

Publicado

Autor/Imagem:
Adailton Braga

Ao ler na mídia a frase: Bolsonaro dá aviso prévio na Educação, tá faltando gestão, e o Ministro da Educação responder de volta pela mídia, que não pedirá demissão, percebemos o tamanho da falta de crença na Educação que permeia nossa cultura. Quando vemos às maiores autoridades públicas agindo dessa forma, fica a pergunta: O que a Educação brasileira visa?

Esse desencontro leva a perceber que uma pauta ideológica no Ministério da Educação, seja de que vertente for, pode não ser uma boa ideia. Uma estrutura rígida para o processo de ensino, um sistema escolar que busca muita uniformidade, com aparelhamento governamental, deu mostras que também gera crises.

Essa crença de que é preciso, à partir do Ministério, reeducar nossos mestres, pois eles estão incutindo nos estudantes ideias impróprias, nefastas, cujo objetivo maior é fragilizar o sistema, acaba debilitando a rede de comando e toda a estrutura educacional do país, além de que pode denotar falta de crença na força da Educação.

Quem visa comandar tem que inverter esse senso comum de que a Educação pública brasileira é ideológica, estraga as pessoas, não visa rendimento, serve apenas como paliativo para pessoas pobres, tem objetivos apenas sociais, sofre de imensa evasão escolar, não trazendo assim o resultado necessário face o investimento feito pela sociedade, como tem sido dito. Tem sim que trazer um projeto inovador, e falar dele, motivar a sociedade.

Para que a Educação brasileira alcance uma unidade de objetivos e uma uniformidade de métodos e de controle disciplinar, uma expressão orgânica da vida, é preciso que as falas da sociedade também reflita as falas das autoridades públicas, principalmente na fala de suas maiores autoridades: o presidente da República e o ministro da Educação. É o mínimo exigível numa sociedade que pleiteia a importância da Educação.

Para manter afastados os ventos das perigosas doutrinas da sala de aula, urge um desafio: eliminar esse sistema de educação classista ou racista, vigente na escola pública, dirimir o preconceito com a escola pública, inserir a Educação na responsabilidade maior de construção da nossa Democracia, abrir as portas da vida intelectual para todos, oferecer respostas interessantes que despertem nos alunos fome de educação e conhecimento, ensinar aos alunos aquilo em que se acredita. Logo, essa retórica patrioteira do orgulho nacionalista, se não tiver boa medida gera outros problemas. E ideias compostas de um moralismo imaterial exagerado também não ajudam.

O que ocorre é que a escola se transformou no repositório de tensões e problemas que a família e a sociedade não conseguiram solucionar. A antiga tarefa de ensinar os alunos foi substituída por uma nova tarefa, qual seja: a de enfrentar os problemas de ordem emocional dos alunos. O número crescente de casos de delinquência juvenil, dentro e fora da sala de aula é prova de que as escolas não estão obtendo êxito onde falharam até agora a família, as religiões, a sociedade e o Estado em todos os níveis.

Os próprios professores se esforçam para preencher a lacuna, mas o fardo que sobre eles pesa já é excessivo, as salas de aulas são superlotadas, e seus próprios problemas emocionais e econômicos muito prementes para lhes permitir desempenhar o papel de substitutivos dos pais, da sociedade e do Estado. A escola tem ocupado a posição estratégica entre as tensões da família, as tensões da sociedade e do Estado. As divisões e conflitos dentro da escola refletem as da cultura. Com todo o respeito, mas é bom dizer isso ao presidente e ao ministro da Educação!

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