Curta nossa página


Sujeito oculto

Sem o velho jornal, hoje quem faz sucesso é o Personal

Publicado

Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto de Arquivo/Valter Campanato - ABr

Aproveitando a insistência dos meios de comunicação com o tal de Novembro Azul, resolvi consultar nas boas casas do ramo a variedade, qualidade, suavidade, densidade e escorregadela das diversas marcas de papel higiênico. Aparentemente, nada a ver entre o moço e as calças. Pelo contrário. Sempre a ver. Pois bem, pesquisando constatei que até as piores folhas são melhores do que o velho, acadêmico e personalíssimo jornal. É o claro que o dito cujo não é mais tão informado como era dantes. Todavia, ele se sente mais aliviado, independentemente se o toque na Faixa de Gaza é de Seda, de Neve, Personal Vip, Supreme, Premium, Floral ou Cotton. Importante é que seja folha dupla, de modo a não alcançar o dedo médio ou dedo do meio. Felizmente, o tema hoje é protagonista de qualquer novela das seis ou das sete.

Portanto, tudo dentro da normalidade. O mais interessante da pesquisa foi descobrir a semelhança entre o papel higiênico e o amor: ele diminui a cada obrada ou acaba justamente quando você está todo melado. Coisas do coração e do boga. Ambos não seguram a dor pontiaguda. Outra descoberta é que, famoso ou não, rico ou pobre, quando a gente vai ao banheiro usa o mesmo tipo de papel que as demais pessoas. Ou seja, somos iguais até na merda. Quando jovem, também me associavam ao papelucho higienizado: quando não estava no rolo, estava na fossa. Antigo e, por isso, jurássico em relação a determinadas novidades, até hoje entendo como opção o uso do papel higiênico. Obviamente que, caso use, a consequência é não ficar cagado.

Como tenho amor incondicional ao Tonho, não abro mão do rolo, que, por superstição, sempre coloco com a ponta para cima. Aliás, não há como falar do papel higiênico sem vinculá-lo ao Anel de Couro, sujeito oculto com dezenas de apelidos oficiais (considerados nomes próprios), cada um mais sugestivo do que o outro. Só com a alcunha de anel conheço vários. Também tem o Anório, Antônio, Argola, Aro, Ás de copas, Assobiador, Aritimbó, Astolfo, Beiço, Bozó, Butão, Butico, Brioco, Bufante, Ceguinho, Chibiu (ou Xibiu), Curió, Dedal, Disco, Escfincter, Farinheiro, Fiofó, Fiufiu, Fosquete, Furico, Forévis, Goiaba, Horácio, Jiló, Lorto, Ludmilo, Nintendo, Olho Cego, Olhota, Oritimbó, Pisca-Pisca, Pregueado, Rabiola, Rabicó, Rabo, Redondo, Roscofe, Severino, Tareco, Tarraqueta, Toba, Urna, Veia bufante, Xaveco, Xibiu (ou Chibiu), Xilindró, Zenóbio, Zerinho e Zeferino.

Cômico se não fosse trágico é lembrar que o rapaz, popularmente chamado de Fuleco, virou uma das mais célebres cismas do povo brasileiro. Por exemplo, quem nunca ficou com ele na mão em um momento de aflição? E quem nunca foi acusado de estar com ele pegando fogo? Enfiar um rojão e sair voando, nem pensar. Conheço pessoas que socam um peixe no Cofrinho e dizem que são sereias. Cada um sabe o Bagageiro que tem. Às vezes, por coisas bobas, gente arrepia todos os cabelos em volta dele. Eu não sou passarinho, mas conheço a Ruela que tenho. Esta é a principal razão pela qual não como pedra sob qualquer hipótese.

Evito encher o Bufador de pinga, pois conheço a história de que o de bêbado não tem dono. O meu é meu e tenho medo de que ele venha a ser usado. Foi esse medo que me fez pensar em jamais tomar no Churiço. Bebo pouco e fico com a Olhota acesa dia e noite. No dia seguinte, é hora de o Zoinho ficar de molho. Ainda que beba pouco, costumo dormir até o CD fazer bico. O que tem a ver o Cortador de churros com as calças? Não sei. O que sei é que opinião e Fosquete cada um tem o seu. Na dúvida entre o Orozimbo e a Rabeta, prefiro não contar com o ovo no sobre da galinha. A melhor das curiosidades anais é que jamais aluguei ou emprestei o Toinho. Por isso, me sento onde e na hora que quero.

Forma reduzida do latim vulgar “culus”, o termo transformou-se em palavra chula no Brasil. Uma pena, pois trata-se de um orifício fundamental à sobrevivência humana e animal. Afinal, o contrário de comer é expelir, o que, para os bestas e para os nobres, é fedido, intolerável, humilhante. Fiquem três ou quatro dias sem obrar e verão o Bisteco perder as beirolas. Sou respeitoso, mas sem frescura. Ao contrário dos politicamente corretos, não perco tempo fazendo insultos sutis. Mando logo tomar no Caneco. Vai quem quer. Para os que gostam de tomate cru ou do Linguição, recomendo o papel higiênico Stylus ou as páginas de Opinião dos jornais para higienizar o Sabugo. Elas têm letras com tipos maiores, o que facilita o Olho Cego no momento da leitura. No mais, uma boa congada para todos.

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2024 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência Estadão, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.