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Derrota do gago

Sem prestígio em Brasília e no Irajá, destino será Bangu

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto de Arquivo

Como diz o velho ditado popular, qual a importância de um pum mal dado para quem está todo obrado. Nenhuma! Mal comparando, é o mesmo que subir em uma árvore, fugir de uma cobra cipó e cair sobre um toco pontudo. Pior ainda é se jogar em uma touceira de cana para se esconder do caranguejo das garras grossas e rombudas. Deus me livre de uma dessas situações pavorosas em que se meteu o fulano dos anzóis carapuça, aquele mesmo a quem, se possível, não irei nomear. E não farei porque sabidamente ele não honrou os uniformes das repartições que um disse que iria representar.

Tantas o sujeito fez que, em breve, vai prevaricar ao lado de ciclano e de beltrano em locais remotos e insólitos. Talvez até mais negros. Sei que nada sei, mas os indicativos são cristalinos. Depois de escorregar no quiabo, borboletear em plantações sabugosas, jetskiar em lagos infestados de jacarés e de serpentear sobre o leite derramado, nada o livrará de lugar diferente do inferno, o mesmo inferno que o cidadão inominável queria nos enfiar. Também não cola mais dizer a seus queridinhos que seus perseguidores implacáveis querem massacrá-lo.

Senhor desnomeado, não chame para si uma importância que não tem e, saibam todos, nunca teve. Tentou ser o que jamais foi e, quem diria, vai acabar no Irajá como a Greta Garbo dos nossos sonhos suburbanos. Para quem não conhece, o bairro de Irajá está a pouco mais de 15 km de Bangu. Quanto a Bangu, melhor não comentar. Caso insistam, tem a ver com Mossoró, Catanduvas, Papuda e recolhimentos que tais. Coisa bem pior do que as sessões de exorcismo da Igreja Universal do Reino de Deus, onde a retirada do capeta de um “possuído” é pública, notória e com ingressos caros.

Voltando ao pum mal dado, me parece que, nessa altura do campeonato, com Vasco e Fluminense desclassificados para a final do Cariocão, resta somente o toba de fora, pois a calça de veludo já se perdeu faz tempo. Aliás, o tempo não perdoa. Ele voa e, depois que o Bamerindus quebrou e o Brasil permaneceu numa boa, pouca coisa ou nada sobrou para sua pessoa. Como na canção Um gago apaixonado, do imortal Noel Rosa, “Tu-tua falso-si-sidade é pro-profunda, tu,tu-tu-tu-tu vai fi-fi-ficar cordunda”. A rima poderia ser outra, mas, novamente, prefiro não comentar.

Melhor ter na lembrança que suas lambanças ficaram no passado. É um passado de fantasmas atrapalhados, mas irremovíveis. Algo com um passado que terá de ser carregado como uma doença transmissível. Por isso, na medida de nossa inteligência, é de bom alvitre esquecer que um dia ele foi rei. Um rei sem reino, mas um rei. Um rei destronado, mas um rei que sempre se achará majestade, mesmo que sua coroa seja a de um sabiá sem asas. Novamente me referindo ao tempo, as aranhas do caranguejal começam a deixar o charco em que ganhou vida o anjo que tinha caso com o demônio.

O rastilho de pólvora não assusta mais. Do mesmo modo, as palavras ameaçadoras, a ternura do ódio e a sombra do vale do mundo de bosta sumiram junto com as miçangas do coturno usado nos fins de semana mais revoltos. O fulano que nunca encontrou o ponto de partida da vida, vive hoje removendo pedras do caminho tortuoso que ele mesmo escolheu. O poeta diz que há escolas que são gaiolas. Eu vou além e digo que há gaiolas que podem ajudar o tal fulano a lembrar que um dia já foi madeira que apanhou chuva. Hoje, não acende e nem dá sombra. Como diria o gago, pe-pe-per-de-deu, não se to-to-ca não a-a-ban-do-do-na a moi-moi-ta.

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