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O piloto sumiu

Sete de Setembro sem comemoração vira jogo politico para 2022

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Autor/Imagem:
Armando Cardoso/Especial para Notibras - Foto de Arquivo

Dois anos e oito meses após a “fraude” eleitoral de 2018, muito tumulto, ameaças em demasia, bravatas em profusão, ataques diários às instituições e pouco trabalho em benefício do país. Na verdade, nada de governo. O caçador de ilusões está Muito Além do Jardim e nós, a maioria dos brasileiros, a ver navios. A pouco mais de um ano das eleições de 2022, pouca esperança e muita expectativa de novos ares, nomes diferentes e, sobretudo, nova mentalidade. Usei aspas no vocábulo fraude apenas para ratificar o que escrevo neste espaço faz alguns meses. O mundo inteiro e mais as torcidas do Flamengo e do Corinthians sabem que não houve manchas, mas, admitindo a hipótese como verdadeira, o beneficiário teria sido o agora único acusador da urna eletrônica. E ele não para. O sonho da vez é acabar com a Justiça Eleitoral. Parece que a ideia é que os pleitos sejam conduzidos pelas milícias ou pelos banqueiros do jogo do bicho.

Até hoje, antevéspera do Dia da Independência, tantas novidades, tantas descobertas, tantas deduragens íntimas e zero da administração anunciada como séria, honesta, diferenciada e popular. E já estamos na penúltima volta do circuito. Será que o carro quebrou? Talvez o piloto tenha sido ejetado do assento. E a próxima corrida? Todos garantem que ela ocorrerá no dia e horário combinados e com as mesmas regras da anterior, ou seja, sem voto impresso e com preocupação redobrada, de modo a evitar o surgimento de postulantes mal intencionados. As máquinas estão prontas, aguardando somente a inclusão dos candidatos. Digo aguardando porque ninguém sabe ainda se teremos presidente e, principalmente, se o circo permanecerá de pé no ano que vem. A única certeza é que o Brasil e os brasileiros estão acostumados com profecias apocalípticas e certamente estarão prontos para recuperar o verde e amarelo que atualmente é monopólio da meia dúzia fanatizada.

Aliás, faço minhas todas as palavras já ditas ou escritas contra a apropriação do 7 de Setembro como data exclusiva dos apoiadores do atual ocupante do Palácio do Planalto. Como diz o artista, as ruas e as praças são do povo e nelas o artesão deveria estar. Entretanto, a preferência é colar seu nome junto ao “gado” que aceita participar de qualquer leilão, especialmente aqueles com shows pirotécnicos e comandados por pastores que pregam o fim dos tempos e indicam uma batalha espiritual. Governo que é bom…. A verdade é que foi-se agosto, o mês do desgosto. Chegou a primeira gestação do ano. Embora o queiram negro, setembro despertou quase cor de rosa. Trouxe com ele a florida prima Vera, que ainda não brotou, mas promete muitas surpresas.

A prévia foram algumas descobertas ou confirmações preexistentes que sacudiram a imaginação popular. Provavelmente sério, o blá blá blá dos últimos dias me fez lembrar alguns pressentimentos do velho Cardoso, meu avô, um experiente mascate português: “Tenha medo daqueles que se sublimam. Eles normalmente mentem”. Registrei e hoje confirmo como verdadeira a vidência oculta e intuitiva de um sábio que quase não estudou. O sinônimo dessa antevisão é simples: a pessoa que questiona ou critica continuadamente o comportamento do semelhante ou tem dúvida ou tem algo a esconder. Quem sabe um desvio inadmissível para o eleitorado conservador. O período é tumultuado. Incitado por quem deveria sugerir a paz, setembro brotou com os nervos à flor da pele.

O mundo viu os Estados Unidos desabarem após mais uma derrota em uma guerra com asiáticos. Norte-americanos e alemães também choraram numerosos mortos em decorrência de catástrofes naturais. Ainda mais complicado foi o anúncio de uma coca que pode ser fanta. Tudo dentro do previsto nas leis da natureza ou no castigo divino, que, às vezes tarda, mas não falha. Nada que assuste mais do que a possibilidade real do Vasco, Botafogo e Cruzeiro caírem para a terceira divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol. Para a mesma minoria que pensa em tumultuar a política brasileira, o mais assustador é o Flamengo conquistar o tricampeonato nacional.

O resto é realmente fogo de palha, mais uma cortina de fumaça que jamais será impressa. Como se diz em determinados estados do Nordeste, setembro inaugura o período do Br Obro, que determina os meses calorentos do ano. Como sete é um número cabalístico, o 7 de setembro de 2021 ganhou novo significado. Apesar do desemprego, da volta do mal da vaca louca e da crise da energia, ele será exclusivamente político, sem qualquer manifestação comemorativa e, infelizmente, constrangedor para as pretensões do Brasil no cenário internacional. Portanto, para o futuro do governo Bolsonaro a data representará muita coisa, inclusive e sobretudo nada.

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