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Tijuca na avenida

Só mesmo um milagre para garantir o pão

Publicado

Autor/Imagem:
Layde Coimbra

A segunda-feira amanheceu na Sapucaí, no Rio, com uma mensagem da Unidos da Tijuca: só mesmo um milagre será capaz de garantir o pão para o sustento diário do corpo. Colecionadora de títulos de campeã, a escola encerrou o primeiro dia de desfiles com o samba-enredo “Cada macaco no seu galho. Ó, meu Pai, me dê o pão que eu não morro de fome”, , usando o alimento mais popular do planeta como fio condutor da trajetória da humanidade.

A Tijuca passou a mensagem do amor ao próximo e colocou o dedo na ferida sobre a situação atual do Brasil, em que muitas pessoas não têm o que comer e não conseguem colocar o pão nosso de cada dia na mesa da família. Aliás, a queda de recursos financeiros atingiu diretamente a escola. Porém, os carnavalescos Laíla, Annik Salmon, Hélcio Paim, Marcus Paulo e Fran Sérgio usaram da criatividade para surpreender o público.

O carro abre-alas tinha esculturas formando A Última Ceia e um enorme “pavão”, mascote da escola. O pão também foi tratado como parte importante de vários momentos da história, como a Revolução Francesa e a Revolução Russa. Uma história da Bíblia foi recontada na comissão de frente. Quinze bailarinos simbolizaram a jornada dos hebreus pelo deserto por 40 anos e um milagre de Deus que fez chover pão dos céus para alimentá-los.

Em busca do penta, a escola da Zona Norte apresentou integrantes divididos em 35 alas e cinco alegorias. A ala das baianas representou o trigo e outras alas mostraram povos que produziram, comercializaram e consumiram o pão, como os egípcios, fenícios, gregos e romanos.

O segundo carro representou a política do “pão e circo”, que tem como base diversão e comida para controlar os ânimos da população. Alegorias e fantasias foram dedicadas ao Império Romano.

Uma ala coreografada mostrou outra política, a do “pau, pão e pano”, em referência ao castigo, alimento e vestuário destinados aos negros escravizados no Brasil. O terceiro carro, chamado “Comendo o pão que o diabo amassou”, seguiu com a escravidão como tema.

A religião tomou conta da parte final, com as alas de Santo Antônio, Santa Isabel e Nossa Senhora (que distribuíam pães aos pobres) e a ala Ogum (sobre a tradição de oferecer pão ao Orixá).

Os ritmistas da bateria se vestiram de padeiros e o quarto carro mostrou a multiplicação do pão sagrado.

A partir daí, o desfile tomou um rumo mais politizado. O final teve alas sobre as dificuldades de conseguir o pão e o último carro fez um “alerta contra a desigualdade social”.

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