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Só uma delicada intervenção cirúrgica pode salvar nosso futebol

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Depois do retumbante vexame da seleção brasileira na Copa do Mundo, o que mais se fala em todo o País é a necessidade urgente de uma intervenção cirúrgica no nosso futebol. Impõe–se que algo seja feito para reerguê–lo,  fazê–lo   respeitado e admirado, como vinha acontecendo há um século em todo o mundo.

O Brasil é o único  país com cinco títulos mundiais, o único ter participado de todas as Copas até hoje realizadas. E é o país que tem o maior número de craques da bola espalhados por clubes de todo planeta.

Hoje, porém, nosso futebol está na lona, jogado às traças. A seleção canarinho humilhada, os torneios nacionais e regionais esvaziados, estádios sem torcedores, clubes falidos e os cartolas cada vez mais ricos.

Por ser uma paixão nacional, nosso futebol precisa ser reconstruído, mas isso só acontecerá se mudanças profundas e radicais forem implementadas.

A primeira delas: a definição de uma política séria e transparente  de Estado para as atividades desportivas em geral. Promover a interação dos esportes com as escolas de todos os níveis–primário, secundário e universitário, como é feito com êxito nos Estados Unidos, Alemanha, Japão, China e outros países.

No caso especifico do futebol, precisa acabar com o atual regime de gestão dos clubes e de suas entidades superiores, pondo um fim nos mandatos vitalícios de seus dirigentes. Punição rigorosa dos cartolas  que deixarem de recolherem os impostos e contribuições sociais e que atrasarem pagamentos dos salários dos jogadores e funcionários.

Responsabilizá–los, inclusive, com o uso de seus patrimônios, para a liquidação de tais débitos. Criar condições para o funcionamento de clubes –empresas, modelo que tanto sucesso faz em países do primeiro mundo.

Estabelecer regras mais duras para evitar a saída de jogadores jovens. Chegamos ao ponto de nossos estádios ficarem vazios por falta de atrações, nossos craques fazendo sucesso lá fora e nossas emissoras de televisão importarem pacotes dos torneios da Espanha, Itália, Alemanha, Inglaterra e até da Rússia, Japão e Turquia.

Transformar também a nossa seleção de futebol como patrimônio cultural, para permitir que a CBF seja auditada pelo Ministério Público, para tornar transparente todas suas decisões e contratos milionários nacionais e internacionais celebrados.

A CBF tem a prerrogativa de representar o Brasil nos torneios mundiais, usar a ‘’ Marca Brasil’’, as cores da nossa bandeira, e não dá satisfação a ninguém. Ela se recusa informar os salários milionários dos seus dirigentes, quanto recebe de cada um dos seus patrocinadores. Enfim, ela debocha do torcedor brasileiro, com o argumento de que exerce uma atividade privada, e não pública.

Para  levar avante o atual interesse de reerguer o nosso futebol, é só dar andamento à inúmeros projetos que tramitam no Congresso Nacional e estudos em poder do governo. Em 2000, houve na Câmara dos Deputados a CPI CBF –NIKE, presidida pelo então deputado e atual ministro dos Esportes Aldo Rebelo e relatado pelo deputado paulista Silvio Torres.

Essa CPI desvendou ‘’o lado oculto dos grandes negócios da cartolagem e passou a limpo o futebol brasileiro’’. E sugeriu uma série de providências e projetos para transformar o futebol em coisa séria. Todas elas fazem parte dos debates que ocorrem hoje visando modernizar o nosso futebol. Outras propostas surgiram com o passar dos anos, mas nenhuma delas, juntas as decisões da CPI CBF –NIKE, avançou. Continuam dormindo nos escaninhos da Câmara e do Senado por pressão dos cartolas e dos parlamentares que formam a ‘’bancada da bola’’.

O resultado está bem presente: nosso futebol humilhado mundialmente. Sua reconstrução tem de ser imediata, já que o futebol mexe fundo até a alma dos brasileiros.

O momento é de juntar todos, governo, Poder Legislativo, políticos, lideranças desportivas e imprensa para salvar a principal alegria dos brasileiros. Mas sem soluções exóticas, como sua estatização que foi sugerida por alguns políticos.

Encerrada no domingo a Copa do Mundo, já na segunda-feira, governo e oposição saíram a campo para troca de acusações e criticas em torno dos resultados do megaevento esportivo.

Vaiada no Maracanã, a presidente Dilma Rousseff reuniu 16 ministros e tratou de capitalizar eleitoralmente os pontos positivos do torneio. Ela admitiu como único ponto negativo o vexame dado nos gramados pela seleção do Felipão. Proclamou a  presidente: ‘’Derrotamos, sem dúvida, a previsão pessimista e realizamos, com a imensa e maravilhosa ajuda do povo brasileiro, essa Copa das Copas.

A oposição reagiu por meio de nota do Instituto Teotônio Vilela, do PSDB: ‘’Dilma Rousseff praticamente se livrou da taça na cerimônia de premiação na tentativa de evitar vaias e apupos. O governo petista quer agora dar um jeito de virar a página da Copa, decretando seu sucesso absoluto’’. E divulgou os fatos negativos da Copa, escondidos pela presidente Dilma. Dos 167 compromissos assumidos em 2010, apenas 53% foram finalizados a tempo do Mundial. Outros 44% ficaram incompletos e serão concluídos só  depois de terminada a Copa.

A humilhação dos 7×1, maior tragédia da seleção brasileira  em 100 anos, levou a CBF a demitir Felipão, e admitir a possibilidade de ser contratado um técnico estrangeiro para comandar a nossa seleção. Tem –se como certa a contratação de Leonardo, ex –jogador da seleção e ex –dirigente do Milan e do Pais Sant Germain, para assumir a coordenação da seleção, no lugar de Parreira.

Cláudio Coletti

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