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Colheita do mal

Terroristas descobrem que têm na cabeça titica que fizeram

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto Marcelo Camargo

Foram quatro anos de ódio, desgoverno, tirania, negacionismo, depravação administrativa e malversação do din din público. Produziram verdades fraudulentas, espalharam o golpismo e plantaram falsos moralismos. Ainda que tardiamente, a conta chegou e a colheita do mal não poderia ser outra: estremecimento da direita extremada, fim da linha para executores de ordens hediondas, ameaça de criminalização das ações do rei da lambança, com consequências drásticas, e cadeia longa para os terroristas. Demorou, mas os plantadores da ventania e do caos começaram a colher a tempestade. Perdão pelo cacófato, mas o mofo deu na plantação. Prova inconteste disso foi uma recente pesquisa do Radar Econômico, cujo resultado mostrou que quase 76% da população brasileira são contrários aos atos golpistas do domingo (8), dia da safadeza bolsonarista.

Parece que foi ontem, mas lá se vai uma semana do vandalismo protagonizado pelos talibãs da seita criada pelo mito fardado. O tempo será longo até que consigamos esquecer pelo menos que foram os próprios brasileiros que tentaram acabar com o Brasil. São os endiabradamente denominados patriotas, também conhecidos por bobos da corte, pois seguem um líder que se imaginou dono de uma coroa que nunca lhe coube na cabeça oca e sem ideias e sem planos capazes de chamar atenção de alguém com um mínimo de brilho. Como brasileiro que normalmente coloca calma na intensidade, não sei se sinto dó ou raiva dos que tentaram golpear a democracia.

Eles vivem em um mundo paralelo. Se retroalimentam de agressividade e vivem de odiar, porque parecem odiados desde o berço, o primeiro palco usado por eles para verbalizar uma ira que nem sempre é familiar. Nesse caso, a chupeta passada no esmeril talvez tenha sido a arma utilizada no início da carreira de talibãs. São patriotas do tipo que o ego não permite que algo dê errado. Pior do que isso é não assumir seus erros, preferindo culpar supostos infiltrados. A desinteligência desse povo é tão raiz que a imagem de bobalhões até faz bem e agrada à maioria. Aliás, a imbecilidade é tão grande que, a pretexto de mostrar que estavam contribuindo com a destruição do Brasil que nunca ajudaram a construir, boa parte dos terroristas produziu provas contra si.

Presos, verão o sol nascer quadrado por um bom tempo. Admito que bobalhão é um termo pesado e mais facilmente aplicado àqueles que têm na cabeça o que fizeram no Congresso, no Planalto e no Supremo. Fizeram e não limparam. Por isso, entendo que a minoria dos vândalos reaja ao adjetivo. Talvez prefiram o de golpistas incestuosos, ou seja, os que chamam a pátria de mãe, mas fornicam (o verbo era outro) e defecam sobre seus maiores e mais caros símbolos. Depois – nem tão depois assim – não querem ser chamados de filhos da…(boa senhora), aquela que jamais deixará de ser o que foi um dia. Reitero a necessidade de separar os agora eventuais eleitores do tenente dos bandidos golpistas. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Em outras palavras, uma coisa é você travestido de patriota golpista, outra coisa é você com roupa de presidiário. Quem escolheu brincar com fogo, amanheceu na segunda-feira (9) todo mijado e putz da vida porque não teve apoio de nenhum dos incitadores. Eles estavam longe, mais precisamente em Orlando, nos Estados Unidos, ou escondidos no pijama de seda que só largaram por causa de um segundo polpudo contracheque. Às vezes, é um terceiro holerite. Tudo em nome de Deus e da Pátria Amada. No mundo dos espertos, uns nasceram para mentir, outros para enganar, outros nasceram simplesmente para serem outros. Tenho pavor destes últimos.

Como o sonho é o olho da vida, acredito piamente que um dia conseguirei escolher entre as pernas do santo e a do diabo. A intenção é saber com a qual seguirei meu caminho. Por enquanto, está decidido que não quero conhecer detalhes da herança maldita. Basta reconhecer e punir os culpados pela vandalização do Brasil, inclusive seus idealizadores, incitadores e financiadores. Faz parte da vida e do jogo a gente não gostar do vizinho, do parente, do amigo, do governador ou do presidente. Daí a desrespeitá-los vai uma distância de quase 523 anos. O país parece ter mudado depois de 30 de outubro e de 8 de janeiro. Não há hipótese de o Brasil de Luiz Inácio permanecer como uma terra sem lei. Portanto, faço minha a primeira frase do ministro da Justiça, Flávio Dino, após os estragos na Praça dos Três Poderes: “Tomada de poder só com nova eleição. Esperem por 2026”.

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