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Reciclagem

Tótora transforma papelão em esculturas, vasos e móveis

Publicado

Autor/Imagem:
Marcelo Lima

Para compreender o trabalho de Domingos Tótora, é necessário considerar sua matéria-prima por excelência, a massa de papelão. “Começo por despedaçar o papel em pequenos pedaços. Em seguida deixo de molho em água por um dia. Depois, processo tudo em um liquidificador e o resultado é uma massa de uma beleza singular”, descreve o artista e escultor mineiro, a quem agrada se aventurar pelos caminhos do design, muito embora não se considere um.

“Eu não desenho. Procuro a emoção antes mesmo da função”, afirma Tótora, que inaugurou semana passada, na Sage Culture Gallery, de Los Angeles, sua primeira mostra individual fora do Brasil. “Pretendo oferecer uma visão expandida do meu trabalho. Das inspirações aos resultados finais, expressos na forma de painéis, esculturas e também algumas peças de mobiliário”, conforme adiantou ele nesta entrevista.

É sua primeira individual nos Estados Unidos. Qual a expectativa?

É mesmo a minha primeira individual. No geral, sempre participei de coletivas. Na verdade geralmente as pessoas me reconhecem como designer, mas, no sentido literal do termo, não sou. Eu me aventuro nesse universo, mas sou mais um escultor. Nessa exposição, além de alguns painéis, vou mostrar uma coleção de esculturas que remetem à origem. A ideia da forma ensaiando para ser. Tem muito do relevo e da terra onde moro. A expectativa é que as pessoas sintam a relação profunda que tenho com a Serra da Mantiqueira e com a cidade mineira de Maria da Fé.

No seu trabalho a matéria-prima parece ser tão, ou mais, importante que a forma final do objeto. Estou certo?

Sim. E no caso do papel reciclado, não penso somente na questão do reaproveitamento. A matéria-prima, e tudo o que ela envolve, realmente me emociona. A cada novo trabalho sinto que estabeleço um diálogo com ela. Eu coloco as minhas questões e ela me responde com as mais variadas possibilidades de texturas e formas para eu construir meu universo particular. Sou muito grato a ela.

Com que matérias-primas já trabalhou e, no caso do papelão, como consegue tantas nuances de cor e de texturas?

Não estou fechado a outros materiais, mas confesso que a massa de papelão, de fato, me arrebata. Ela é extremamente plástica. A cada dia fico mais impressionado com isso. As possibilidades parecem infinitas. Como sou muito curioso, ela permite que eu me arrisque nas mais diversas experimentações. Nesses anos todos de trabalho, desenvolvi os mais variados tipos de massa, mas muitas das nuances que obtenho, por exemplo, foram resultado da pigmentação experimental com terra natural.

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