Déjà vu, jamais vu
Um poema coletivo de mulheres que vivem e se mantêm vivas
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Zumbidos, zambados, zombavam de mim,
enquanto, entre quatro paredes,
combinava roupas de diversas cores…
iluminadas, apagadas, pastéis…
Disfarces acelerados pela cafeína
tão preta quanto a sombra feita, assim,
na imagem na parede, nua de mim.
Entrava num circuito enfurecido de sarar
e fechar os buracos…sucessivos,
estanques e sucessivos
nos quais sibilavam Sibilavam… sssssss … sis
Combinando com minha blusa mostarda de 1993,
quando comprei uma bota que ainda me servia,
entendi que tudo era velho e novo
e que, com novos contornos, todo dia se abre,
mas sempre com déjá vus:
– Com cheiro de mostarda de 1993.
(Denise Wendhausen)
Curtidos, cortados, calavam em mim,
enquanto, entre quatro paredes,
cultivava cores acamadas, desbotadas
faces apresentadas pela rotina
tão incerta quanto a sombra feita, assim,
na imagem consumada, lua de mim.
Entrara num circuito esquecido do estimar
e fechar os horizontes…sucessivos,
Alegres e expansivos
nos quais ecoavam cantos… Encantos com…
Combinando com minha maternidade datada de 1990,
quando percebi que tudo era belo e doloroso
e que, com novos entornos, todo dia se abria
mas sempre com jamais vus:
– Com cheiro de fralda no pacote.
(Edna Domenica)
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DENISE WENDHAUSEN
Nasceu, cresceu, estudou e trabalha em Florianópolis, SC. Psicóloga,
escreve lindos poemas que contemplam temas existenciais.
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EDNA DOMENICA MEROLA
Nasceu, cresceu, estudou, trabalhou e se aposentou em São Paulo – SP. Bacharel em Letras, Psicologia e Pedagogia. É autora do livro de poemas: Cora, coração (Nova Letra, 2011).
