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Eleição presidencial

Uma escolha errada pode anular todas as decisões acertadas durante a vida

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Autor/Imagem:
Armando Cardoso - Foto de Arquivo

Como o hiato eleitoral de presidente da República é de quatro anos, costumo definir meu candidato normalmente no terceiro ano do mandato em curso. É o período ideal para aquela simplória avaliação do bom, regular, ruim ou péssimo. Obviamente que o primeiro descarte é baseado nas últimas avaliações. Bom ou regular talvez não seja a sinalização definitiva, mas é um bom começo. É como se diz na gíria do povão: pode dar samba, cujo significado é que vale a pena investir nesse caminho, pois seguindo por ele será possível atingir os objetivos desejados.

Para alguns, esse conceito de escolha é absolutamente abstrato, na medida em que é aquilo que a mente concebe ou entende. Para outros, é a compreensão, a noção ou a maneira como pensamos sobre algum assunto, elemento, objeto ou pessoa. Portanto, no caso em análise, tudo isso também é sinônimo de reputação. Como sou adepto da tese de que, mais difícil do que fazer uma escolha, é se acostumar com as consequências dela, a ponta do iceberg de minha opção eleitoral é justamente a reputação, logicamente associada à capacidade de gestão e, principalmente, à empatia.

Tudo bem que toda preferência é certa simplesmente por ser uma preferência. Todavia, uma escolha errada pode mudar todas as decisões certas durante a vida. O preço de escolhas equivocadas são os frutos do arrependimento, que, em sua grande maioria, é irrevogável. Às vezes, o erro eleitoral é capaz de transformar avanços e retrocessos e de transformar a vida de todos em um inferno. Em português mais escorreito, eu sou o resultado de minhas escolhas. Ao escolher, penso em mim e no melhor para a sociedade.

Por isso, me acho muito mais patriota do que os “patriotas” inventados pelo personalismo de um líder com interesses reconhecidamente pessoas e familiares. Partindo desses pressupostos, faltando um ano e meio para a próxima eleição presidencial, ainda não tenho opinião formada acerca do assunto. Na verdade, tenho somente uma certeza: a de quem jamais terá meu voto. Como só eu sei o preço de armar minha própria arapuca, reitero que a empatia é um dos primeiros itens de minha resposta ao pedido do candidato.

A empatia é o antídoto contra a raiva, o posto do egocentrismo. Na prática, é a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa. Essa é a condição sine qua non para que um homem público mereça alcançar o pedestal mais alto da política. Independentemente de ideologia, formação religiosa ou simpatia partidária, certamente não é uma boa escolha o cidadão que vive para desrespeitar as leis brasileiras, para afrontar a Justiça e as autoridades constituídas e para forçar parlamentares de sua corriola a aprovar projetos de seu exclusivo interesse.

Os piores cegos são aqueles que não querem enxergar as óbvias contradições de um sedento postulante presidencial com relação à democracia. Desde que a respeitem, pouco me importa que reprovem minha escolha. Aprendi com o tempo que todas as escolhas têm perdas. Quem não estiver preparado para perder o irrelevante não está apto para conquistar o fundamental. Eis a razão definitiva para eu firmar pensamento naquilo que realmente vale a pena. Valho-me sempre dos pensadores para justificar posições pessoais. Sobre minha futura escolha, digo que é mais sábio se contentar com o que tem do que desejar a vida e o poder conquistado pelo adversário. A carapuça está à disposição dos descontentes.

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*Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras

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