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Um show

Uma grande ideia do ‘Casão’ para homenagear Adoniran

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Autor/Imagem:
Adriana Del Ré

Não é de hoje que Walter Casagrande Jr se declara fã de rock. Mas no coração roqueiro de Casão, como ele é conhecido, também cabem outros gêneros musicais. “Cresci ouvindo Belchior, acho que é o maior poeta da juventude dos anos 70 e 80, e também Caetano, Gil, Tom Jobim, Vinicius, Gonzaga, Gonzaguinha”, lembra o ex-jogador e comentarista esportivo da Globo, em entrevista ao Estado. “Em 83, produzi shows de Raul Seixas, eu tinha 19 anos. Fui muito amigo do Gonzaguinha.”

Essa sua relação afetiva com a música brasileira, que vem de família, também o aproximou de outras grandes obras, como a de Adoniran Barbosa. No ano passado, quando soube que o acervo do autor de sucessos como Trem das Onze e Saudosa Maloca estava numa sala na Galeria do Rock, em São Paulo, sem que o público pudesse acessá-lo, Casagrande quis fazer algo em prol da memória de Adoniran. “A juventude de hoje nem sabe quem é Adoniran.”

Conversou com o amigo, o maestro João Carlos Martins, que topou participar de qualquer iniciativa relacionada a Adoniran que ele realizasse. Casagrande idealizou, então, o Ano Adoniran Barbosa e criou o projeto Adonirando, cuja 2.ª edição será realizada nesta terça-feira, 28, no Teatro Porto Seguro, com show de Luiza Possi, Tiago Abravanel e participação do ator Cassio Scapin.

No repertório, a clássica combinação de sucessos e canções menos conhecidas, como Apaga o Fogo Mané e Duas Horas da Madrugada. “Quem não ouviu Trem das Onze e Saudosa Maloca em algum momento da vida?”, diz. “Nos anos 80, entrei no Corinthians. Em 82, foi o ano que ele morreu, que a Elis morreu, e não tive oportunidade de conhecê-los pessoalmente, mas eu sou apaixonado pelos dois.”

O primeiro evento Adonirando ocupou o Teatro Municipal de São Paulo em janeiro deste ano, num show que Casagrande montou em um curto espaço de tempo. “Foi um trabalho difícil de fazer, porque fizemos sem dinheiro algum e em praticamente 12 dias.” O tributo reuniu artistas de diferentes gerações e estilos, como Baby do Brasil, Nasi, Arrigo Barnabé, Rappin’ Hood, Demônios da Garoa, Paulo Miklos, que interpretou Adoniran Barbosa em um curta-metragem, e João Carlos Martins. “Aconteceram algumas coisas inusitadas, como a Baby cantar com o Rappin’ Hood, e o público amou.”

Em 2019, o homenageado será Luiz Gonzaga, conta Casagrande. Como aconteceu com Adoniran, haverá um primeiro show no Municipal em janeiro. E, para sua realização, está em busca de patrocínio. “Conheci o Luiz Gonzaga através do Gonzaguinha. Gosto muito de música. Meu estilo é rock’ n’ roll, blues, mas sempre ouvi tudo e, hoje em dia, claro, mais maduro, mais decidido, não tenho preconceito com movimentos musicais.”

Em São Paulo, é possível ouvir e ver a obra de Adoniran Barbosa. Além do show desta terça, 28, está em cartaz no Farol Santander a exposição Trem das Onze – Uma Viagem Pelo Mundo de Adoniran. Aberta há pouco mais de um mês, a mostra já atraiu mais de 27 mil visitantes. São cerca de 100 itens do acervo pessoal de Adoniran Barbosa, incluindo fotos, vídeos, partituras e objetos, que ajudam a reconstituir vida e obra de um dos mais importantes artistas da música brasileira.

A ideia é levar essa exposição para outros lugares, conta Pedro Serrano, um dos curadores da mostra. Aliás, nos últimos anos, Serrano estabeleceu uma forte ligação com a história de Adoniran. Tudo começou com o curta-metragem que ele dirigiu, Dá Licença de Contar, inspirado no universo de Adoniran. O curta circulou por festivais, ganhou prêmios, e Serrano recebeu proposta de uma distribuidora para transformar a produção em longa-metragem. “Estamos captando recursos”, diz.

E um projeto foi levando a outro. Para preparar o longa, Serrano começou um processo de pesquisa e entrevistas. “Algumas pessoas falaram que não existia documentário sobre Adoniran.” Ele acabou fazendo o documentário Adoniran – Meu Nome É João Rubinato, que deve entrar em circuito ainda este ano.

“Enquanto fazíamos o documentário, tentávamos negociar a exposição. No começo deste ano, o documentário foi chamado para abrir o festival É Tudo Verdade e isso nos ajudou na visibilidade. O pessoal do Farol viu e abraçou a causa da exposição.”

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