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Ringue na tela

Vai assistir Creed 2? Cuidado para não levar uns sopapos

Publicado

Autor/Imagem:
Wilson Baldini Jr.

Ao fã de boxe que for assistir ao filme Creed 2, um aviso: talvez seja melhor não comprar pipoca e refrigerante. O motivo é que um espectador um pouco mais distraído poderá pensar que está dentro de um ginásio em vez de uma sala de cinema, tal a realidade com que as lutas são disputadas durante os 130 minutos de ação. O longa já está em cartaz.

Os atores Michael B. Jordan (Adonis Creed) e Florian Munteanu (Viktor Drago) foram dirigidos por Steven Caple Jr. para receber golpes reais de pugilistas profissionais. Um deles é Andre Ward, ex-campeão mundial dos supermédios e meio-pesados, que encerrou a carreira de forma invicta em junho de 2017, após 32 vitórias consecutivas.

Os golpes reais acontecem e as imagens são levadas para salas de edição, nas quais se trabalha com as câmeras superlentas, com o intuito de mostrar que os socos efetivamente atingiram seu alvo, intensificando os movimentos e a expressão do rosto castigado. Várias câmeras são colocadas próximas aos atores e o corte frenético de imagens dá uma intensidade aos duelos digna de verdadeiras disputas por cinturões mundiais.

O som é outro fator que ajuda a tornar as imagens das lutas ainda mais interessantes. No filme, Creed sofre com os golpes nas costelas, que podem ser “sentidos” pelos espectadores mesmo eles estando sentados confortavelmente nas poltronas das salas de cinemas.

Na saga Rocky – escrita e estrelada por Sylvester Stallone -, que com Creed 2 completa 8 longas, as imagens das lutas ganharam um conteúdo a mais. Fato que acontece desde 1976, data do lançamento do primeiro trabalho, quando as câmeras foram introduzidas dentro do ringue. De certa forma, isso pode ter impressionado os membros da Academia de Hollywood, pois Rocky – Um Lutador faturou a estatueta de melhor longa do ano.

Entre centenas de filmes com o tema boxe, é possível destacar alguns que se tornaram clássicos e que marcaram época também com inovações na técnica de registrar as lutas. Na verdade, ao longo de 80 anos, a evolução tecnológica tornou os combates cada vez mais realistas.

Em Punhos de Campeão, de 1949, por exemplo, Robert Ryan faz um boxeador que desafia um gângster. Naquela época, as imagens eram captadas de fora do ringue, o que flagrava a falta de preparo técnico dos atores e possibilitava ao espectador notar a falta de pontaria dos “lutadores”.

De 1956, Marcado pela Sarjeta mostra Paul Newman como o polêmico Rocky Graziano. Nessa película, as imagens, algumas delas captadas dentro do ringue, buscam detalhes dos rostos dos atores em ação, mas a troca de golpes ainda é infantil.

A Grande Esperança Branca, de 1970, traz James Earl Jones como o lendário Jack Johnson, primeiro negro campeão mundial dos pesos pesados. Colorido, tem como destaque o sangue no rosto dos “lutadores”, mas as cenas de combate ainda são muito pobres.

Já Touro Indomável, de 1980, torna os combates de Jake LaMotta, interpretado por Robert De Niro, mais brutais do que eram realmente. O ator teve de convencer o diretor Martin Scorsese de que conseguiria interpretar o pugilista. Com esse objetivo em mente, treinou durante um ano com o próprio LaMotta e ainda engordou 25 quilos para viver o lutador aposentado.

Em busca da interpretação perfeita, Will Smith teve orientação de Muhammad Ali nas filmagens de Ali, em 2001. No ringue, os movimentos de Smith se assemelham muito aos do maior de todos os campeões.

O ator Russell Crowe ouviu os conselhos de Angelo Dundee, técnico de Ali por duas décadas, para viver James Braddock em Luta pela Esperança, de 2005. Destaque do filme são as imagens feitas em 360 graus.

Creed 2 potencializa todas essas evoluções nas técnicas de filmagem e das lutas. Por isso, deixe vazia a poltrona ao seu lado. E não se assuste se de uma hora para outra você estiver trocando socos com o vento.

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