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Distritais em guerra

Veras manobra e coloca pedra no sapato de Rafael

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Autor/Imagem:
Mário Camargo

Rafael Prudente (MDB), contou com o ovo antes de a galinha aconchegar-se no ninho para depois sair cacarejando. Atropelou a si mesmo, passando com o carro na frente dos bois. E agora sente que chuvas e trovoadas ameaçam o mar de almirante tão sonhado por ele em um cruzeiro fictício capaz de reconduzi-lo à presidência da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Para piorar o quadro, surgiu uma pedra grande no sapato dele.

Essa a avaliação de atentos observadores da cena política brasiliense, ao avaliarem a entrada do deputado Reginaldo Veras (PDT), codinome Pedra no Sapato, na disputa da cadeira número 1 do Legislativo da capital da República. No frigir dos ovos (ou do ovo da citada galinha) a imprudência do atual presidente foi espalhar aos setes mares que recebeu o apoio de Chico Vigilante, Arlete Sampaio e Fábio Félix, do grupo da esquerda, que agora decidiram se debandar para o lado do pedetista.

Na ponta do lápis, a matemática, uma ciência exata, mostra que Rafael, que antes tinha, ao menos em sua imaginação, 14 votos para reeleger-se, agora teria, a muito custo, apenas 11. Ou seja, água no chopp antes mesmo de a festa começar. E tudo isso sem considerar a insegurança jurídica da sua candidatura, a partir da decisão do STF de proibir a reeleição na Câmara e no Senado, o que, supõe-se, terá um efeito cascata nos legislativos municipais, estaduais e distrital.

Habilidoso parceiro do governador Ibaneis Rocha, o distrital Rafael Prudente, que já contabilizava votos do campo da esquerda, será obrigado a refazer suas contas. O que mais se comenta no meio político é que ele trabalhou dia e noite para convencer 14 deputados a se comprometerem com o seu projeto de reeleição. Porém a candidatura de Veras mudou o desenho do mapa da votação imaginária.

Como bem lembrou uma velha raposa política de Brasília, hoje acastelada em um gabinete do Tribunal de Contas do Distrito Federal,
não precisa ser um expert para entender que seria contrassenso político e ideológico a manutenção do compromisso de voto em Prudente, firmado por Vigilante, Arlete e Félix, frente a candidatura de Veras. Candidatura, aliás, que nasce com o propósito de representar o que se convencionou chamar de “esquerda”.

A verdade é que a candidatura de Veras embola inclusive o cálculo governista para o pleito. Afinal de contas, para se reeleger, Prudente precisaria de pelo menos 13 votos (com o dele, 14). Voltemos, então, àquela ciência exata: se com toda ginástica política que Prudente fez até agora para cabalar os supostos 14 votos, com a perda de Chico, Arlete e Félix, o barco da reeleição tende a afundar. Na ponta do lápis: quem tem 14, perde 3, fica com 11.

Pelo jeito, os dias e as noites que antecedem a eleição da Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal serão bem longas para Prudente e seu maior cabo eleitoral, o governador Ibaneis Rocha. Mas, como ainda tem uma ou outra marola pela frente, ninguém descarta a possibilidade de um tertius subir à tribuna e, como um tribuno guerreiro, ser curto e grosso: ‘Estou na frente da batalha’.

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