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Assassinato na 415 (*VIII)

‘Vermelho’ entra na mira dos agentes Pedro e Gustavo

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Reprodução

Depois da abordagem que levaram, Pedro e Gustavo decidiram que o melhor era sair o mais rápido possível dali. Eles já haviam sido descobertos e de nada adiantaria continuar bisbilhotando a residência do deputado distrital Dourado Flecha. Entraram na viatura e foram fazer o desjejum numa padaria na Asa Norte.

Sentaram-se numa das mesas na varanda do estabelecimento. Pedro, mais ansioso, comeu seu pão na chapa em três mordidas, enquanto Gustavo, quase sempre comedido, bebericava seu café preto. Os dois, no entanto, estavam com a
mente a mil, pois sabiam que estavam mexendo em um vespeiro.

Sabiam que, a partir daquele momento, corriam perigo, pois certamente as suas identidades haviam sido descobertas. Aliás, isso se Dourado Flecha já não sabia as conhecia, pois os dois trabalhavam com Marcelo há quase cinco anos.

Era óbvio para os agentes que o deputado distrital quis tirar Marcelo do seu caminho. Pelas investigações, Pedro e Gustavo sabiam que era questão de tempo para conseguir provas robustas para o indiciamento de Dourado Flecha. Eles sabiam que tal tarefa não seria fácil, pois estavam enfrentando não um ladrão de galinha, mas um dos mais poderosos políticos do Distrito Federal.

Pedro e Gustavo logo perceberam que precisavam de ajuda. Mas em quem poderiam confiar? Pensaram no delegado Miranda e no escrivão Rafael, justamente os dois que estavam de plantão no dia da prisão de Marcelo. Pedro conhecia os dois há mais tempo, pois havia trabalhado com eles em algumas operações. Gustavo, sem melhores opções, concordou com o colega.

A despeito das possíveis ajudas de Miranda e Rafael, algo não saía da mente dos agentes. Agora que sabiam que Vermelho existia, quem, afinal, era ele? Antes que os agentes pudessem pensar em algo para descobrir a identidade daquele homem enorme, eis que a atendente lhes trouxe a conta. Eles pagaram e foram andando até a viatura.

Pedro, com vontade de fumar, acendeu um cigarro. Ele estava tentando parar com aquele vício há um tempo, mas sua rotina intensa de trabalho provocava o efeito inverso. Encostado na frente da viatura, ele soltava aquelas
baforadas quando, de repente, teve uma ideia.

– Já sei!

– Sabe o quê?

– Lembra da Evelina?

– Sim. O que tem ela?

– O marido dela trabalha na Câmara Legislativa.

A agente de polícia Evelina era lotada em uma delegacia em Sobradinho. Pedro e Gustavo marcaram um encontro com a policial naquele mesmo dia.

Sem entrar em muitos detalhes, contaram que precisavam saber quem era o tal Vermelho. Ela disse que iria conversar com o marido, que deveria dar um jeito de descobrir. Os agentes agradeceram e se despediram da colega.

Cansados, cada um foi para a sua casa. Pedro morava em Águas Claras com a esposa, Rafaela, e o filho de dois anos, Charlie. Gustavo, solteirão convicto até onde a namorada permitisse, morava na Asa Norte com Haya, uma cachorra da raça Bull Terrier.

Já passava das 20 h quando Pedro e Gustavo receberam, ao mesmo tempo, uma mensagem de WhatsApp. Era Evelina, que dizia: “Archibald Lorenzo de Pádua, nascido em Londrina-PR, 28/04/1979, assessor do deputado Justus Flecha Dourado”.

Afinal, Vermelho possuía nome e sobrenome. Entretanto, continuou a ser chamado de Vermelho pelos agentes.

*Aguarde os últimos episódios desse folhetim. Sábado tem mais

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