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Caso Moro

Vídeo desmente Bolsonaro. Ele citou, sim, a PF

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Autor/Imagem:
Marta Nobre

Ao contrário do que tem dito nos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro citou, sim, a Polícia Federal na reunião do dia 22 de abril, véspera da demissão do ministro da Justiça Sérgio Moro. “…Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações…”.

A frase foi extraída de ofício da Advocacia Geral da União ao Supremo Tribunal Federal, pedindo que seja liberadas apenas as falas de Bolsonaro, e não toda a gravação da reunião, no inquérito que apura suposta interferência do presidente na Polícia Federal.

Quando o presidente fala em ‘segurança’, não fica claro, porém, se ele se referia à Polícia Federal (que não tem na a ver com a segurança dele, de seus familiares ou’amigos’) ou ao GSI, comandado pelo general Augusto Heleno, este sim responsável por essa área, embora não inclua necessariamente ‘amigos’ de Bolsonaro.

Pontos nevrálgicos – Algumas das frases do presidente da República são transcritas a seguir:

“Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho as inteligências das Forças Armadas que não têm informações; a Abin tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparelhamento, etc. A gente não pode viver sem informação.”

“Quem é que nunca ficou atrás da… da… da.. porta ouvindo o que o seu filho ou sua filha tá comentando? Tem que ver pra depois… depois que ela engravida não adianta falar com ela mais. Tem que ver antes. Depois que o moleque encheu os cornos de droga, não adianta mais falar com ele: já era. E informação é assim. [referências a Nações amigas]. Então essa é a preocupação que temos que ter: a “questão estratégia”. E não estamos tendo.”

“E me desculpe o serviço de informação nosso – todos – é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou informado, e não dá pra trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade (…)”

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro e oficialmente não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe. Troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira (…)”

A defesa de Moro estranhou – e reclamou do fato – a divulgação de trechos do que foi dito por Bolsonaro na reunião. Em nota, o advogado Rodrigo Rios afirma que a petição da AGU ao Supremo contém transcrições literais de trechos das declarações do presidente, mas com omissão do contexto e de trechos relevantes para a adequada compreensão, inclusive na parte da “segurança do RJ”, o trecho imediatamente precedente.

“A transcrição parcial que busca apenas reforçar a tese da defesa do Presidente reforça a necessidade urgente de liberação da integralidade do vídeo”, diz nota de Rodrigo Rios.

O ministro Celso de Mello, relator do inquérito, deve decidir ainda nesta sexta-feira, 15, ou no mais tardar na segunda, dia 18, se quebra o sigilo de toda a gravação ou somente a parte em que Bolsonaro esbraveja, como quer a AGU.

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